A terceira estimativa da safra 2021/22 de cana-de-açúcar aponta para uma redução na produção de cana. Os números, divulgados nesta semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estimam que sejam colhidas 568,4 milhões de toneladas, um volume de matéria-prima 13,2% menor em relação à safra 2020/21.
Os efeitos climáticos adversos da estiagem durante o ciclo produtivo e as baixas temperaturas registradas em junho e julho deste ano, com episódios de geadas em algumas áreas de produção, sobretudo em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, impactaram na produtividade das lavouras.
No Sudeste, principal região produtora do país, a previsão é de uma redução de 16,8% na produção, alcançando 356,7 milhões de toneladas, resultado da diminuição de 4,1% na área cultivada, além das adversidades climáticas. No Centro-Oeste, houve redução de 0,8% na área a ser colhida, num total de 1,8 milhão de hectares, e a produção estimada é de 132,2 milhões de toneladas, 5,4% menor que a obtida na safra anterior.
Já no Nordeste, a redução está estimada em 13,6% na área a ser colhida, mas com uma estimativa de aumento de 4,6% na produtividade, o que deverá resultar em uma produção de 43,7 milhões de toneladas, 9,7% menor que àquela observada na última safra. Na região Norte, houve redução de 0,9% na área a ser colhida e incremento de 8,9% na produção, totalizando 3,8 milhões de toneladas.
Já para a região Sul, há um pequeno aumento de 0,4% na área cultivada, mas com produção total estimada em 31,9 milhões de toneladas, uma redução de 6,6%, em comparação com a safra anterior, devido à diminuição na produtividade.
A queda em São Paulo chega a 18,9% nesta safra, em comparação ao ciclo passado. Ao todo, espera-se uma produção de 287,4 milhões de toneladas. A safra paulista está em fase final, concluindo as operações de colheita e moagem das lavouras. A área plantada ficou em 4,2 milhões de hectares, uma redução de 5,4% em relação ao ciclo anterior.
Há indicativo de maior direcionamento para a fabricação de açúcar, com cerca de 52,3% do volume total para geração do adoçante e 47,7% para produção de etanol. Este cenário é esperado principalmente em razão de contratos de exportação previamente acordados, além da baixa oferta global do açúcar, que eleva a cotação internacional.
Produtos
A produção total brasileira de etanol, proveniente da cana-de-açúcar e do milho, é estimada em 28,27 bilhões de litros, uma redução de 13,7% em relação à safra passada. A estimativa de produção de etanol a partir da cana-de-açúcar é de 24,8 bilhões de litros, redução de 16,6% em comparação à safra 2020/21. A produção de etanol anidro proveniente da cana, utilizado na mistura com a gasolina, deverá crescer em 4% em relação à última temporada, alcançando 9,69 bilhões de litros.
Quanto ao etanol hidratado de cana, o total a ser produzido deve chegar em 15,11 bilhões de litros, redução de 26% em relação à safra anterior. A produção de açúcar no país, estimada em 33,9 milhões de toneladas, teve uma redução de 17,8% em relação ao produzido na temporada anterior.
Mercado
No acumulado dos primeiros sete meses da safra 2021/22, de abril a outubro deste ano, o Brasil exportou cerca de 16,9 milhões de toneladas de açúcar, o que corresponde a uma redução de 17,9% na comparação com igual período do ciclo anterior, influenciada pela queda da produção brasileira de cana na safra atual.
A restrição da oferta interna e a antecipação da entressafra em algumas usinas da região Centro-Sul do país colaboram para o aumento do preço do açúcar no mercado doméstico e redução das exportações. Em outubro de 2021, o Brasil exportou cerca de 2,3 milhões de toneladas de açúcar, o que representa uma redução de 9,0% em relação ao mês anterior e de 41,4% na comparação com outubro do ano passado.
Em referência ao mercado de etanol, o Brasil exportou cerca de 1,13 bilhão de litros no acumulado de abril a outubro de 2021, o que corresponde a uma redução de 38,6% em relação a igual período do ciclo anterior. A queda é influenciada pela limitação da produção no ciclo atual e pela restrição da oferta doméstica.