O laudo da perícia técnica da Polícia Civil aponta que não foram encontrados elementos provocados por ação humana que resultassem no desmoronamento da Gruta Duas Bocas, em Altinópolis, onde ocorreu o acidente no dia 31 de outubro. Na oportunidade, um grupo composto por 28 bombeiros civis e instrutores fazia um treinamento pelo local. Nove pessoas morreram.
Durante a ação dos peritos no local do desmoronamento, foi constatada a presença de manchas de umidade, causadas possivelmente pela forte chuva que ocorreu no dia do acidente, assim como na semana anterior à fatalidade. No dia 10 de novembro, a prefeitura de Altinópolis recebeu o laudo técnico elaborado por técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) da Gruta Duas Bocas.
Segundo o documento, a geologia do local, com vários planos de descontinuidades no teto, composto por arenito e de fácil absorção, assim como a geometria irregular da superfície, favorecem a queda de blocos por desplacamento.
Quem esteve à frente da operação de resgate das vítimas da gruta de Altinópolis foi o comandante interino do 9º Grupamento do Corpo de Bombeiros, major Rodrigo Moreira Leal, que comentou ao jornal Tribuna ter solicitado a presença de um geólogo do IPT durante a ação. Segundo ele, o especialista informou que a gruta em questão é de arenito e naturalmente ocorrem desmoronamentos pela própria formação desta.
CNBC comenta o caso
Em entrevista ao jornal Tribuna, o presidente do Conselho Nacional de Autorregulamentação de Bombeiros Civis (CNBC), Ivan Campos, apontou alguns possíveis erros durante a realização desse treinamento realizado na Gruta Duas Bocas. Para ele, o curso teria sido feito de forma insegura.
Ivan Campos ressalta ainda que todo treinamento deve ser feito em um ambiente controlado e seguro, e que levar bombeiros para uma área remota, em que não há socorro por perto, foge completamente do que há de normas e diretrizes de boas práticas no mercado.
“Se você quer ensinar um pessoal e dar um curso de resgate em caverna, por exemplo, é possível fazer isso no centro de treinamento, criar uma gama de simulações que você pode passar como um primeiro conhecimento teórico, um primeiro exercício prático para esse aluno sob o olhar atento do instrutor”, comenta.
“Não se deve colocar esses alunos em uma situação de risco real. Você só enfrenta uma situação de risco real se tiver no exercício da profissão e com toda uma gama de cuidados, procedimentos e suporte para controle. Nesse caso, a primeira coisa que a empresa deveria ter feito é comunicar aos serviços de emergência da região”, completa o presidente do CNBC.