Em 2018, nas últimas eleições para a presidência da 12ª Subseção de Ribeirão Preto da Ordem dos Advogados do Brasil, dos cerca de nove mil advogados ligados à entidade, aproximadamente 3.700, ou seja, 42,02% não compareceram às urnas para escolher seus representantes. A situação também não foi diferente na eleição do presidente da OAB estadual em que o índice de abstenção registrado foi de 44,58%.
Reverter esta situação e motivar que todos os advogados participem das eleições é um dos desafios dos candidatos à presidência da OAB estadual e das subseções.
A 12ª Subseção abrange as cidades de Ribeirão Preto, Jardinópolis, Serrana, Cravinhos, São Simão e Santa Rosa de Viterbo. As eleições acontecem no próximo dia 25 de novembro, das 9h às 17h, na Casa do Advogado dessas cidades. Em Cravinhos, a votação será feita no Fórum Trabalhista. O advogado deverá apresentar cartão de ciclo vacinal completo.
Em Ribeirão Preto quatro candidatos concorrem: Alexandre Nuti, Anderson Polverel, Jorge Marcos Souza e Maria Eugênia. O Tribuna perguntou para cada um porque quer presidir a entidade e o que sua candidatura tem de diferencial em relação às demais. Cada um teve o mesmo espaço para as respostas.
Confira o que cada candidato respondeu.
Alexandre Nuti
Tribuna Ribeirão – Por que o senhor quer ser presidente da OAB de Ribeirão Preto?
Alexandre Nuti – Pretendo ser presidente da OAB Ribeirão, pois me sinto preparado para este importante desafio. Fui escolhido pelo grupo da atual gestão, pois enxergaram em mim a pessoa que poderia dar continuidade, claro que com minhas particularidades, ao que o atual presidente Luiz Vicente vem fazendo pela classe. Sinto-me grato por isto. Havia sido chamado, em outras oportunidades, para disputar a presidência da OAB, mas, como não me sentia preparado, não aceitei.
Depois de atuar na tesouraria da atual gestão e pela experiência de advogado com escritório próprio há 32 anos, aprendi muito e me considero apto para postular à presidência. A OAB é “Instituição de Estado” e deve ser independente e autônoma. Não permitirei que seja contaminada ou sirva de instrumento para projetos pessoais, de pequenos grupos e, principalmente, de interesses políticos partidários.
A força da OAB vem da união da classe. Nossa Chapa representa a OAB unida, inclusiva e colaborativa. Buscamos a união da classe, ampliando o caminho iniciado pela atual gestão, presidida pelo Dr. Luiz Vicente. A advocacia unida, como um bloco monolítico, é insuperável. Recebendo o mandato mais qualificado que se possa, o outorgado pela advocacia, reafirmo pessoalmente e em nome dos integrantes da chapa 10121, cumprir, integralmente, o Juramento da Advocacia para seu exercício. Trabalharei, incansavelmente, por cada colega, indistintamente, pela OAB e pela sociedade nos limites que a lei propicia.
Tribuna Ribeirão – O que sua candidatura tem de diferencial em relação às demais?
Alexandre Nuti – Na verdade, a candidatura não é minha, mas sim de um coletivo de pessoas que me guindaram a tal posição, por acreditarem em uma gestão participativa e horizontal. Portanto, o diferencial da minha candidatura é congregar colegas dos diferentes grupos, mantendo a OAB de portas abertas a todos e todas. Sou advogado militante desde 1990, graduado e mestre em Direito pela UNESP de Franca. Professor universitário desde 2003.
Anderson Polverel
Tribuna Ribeirão – Por que o senhor quer ser presidente da OAB de Ribeirão Preto?
Anderson Polverel – Nossa candidatura nasceu de um anseio da Advocacia em ter um presidente comprometido com a defesa das questões que hoje afligem o advogado e a advogada em seu exercício profissional. A OAB nos últimos três anos foi omissa e se distanciou desta necessidade. Nunca sofremos tantos ataques ao nosso exercício profissional como agora. Advogados foram agredidos fisicamente em pleno exercício profissional. Outros foram obrigados a fazer audiência em leitos de hospitais. Outros perderam seus escritórios em decorrência dos efeitos econômicos da pandemia, sem que houvesse qualquer medida de apoio por parte da OAB. Todas estas questões ficaram de lado. Para combater essa omissão, essa falta de representatividade, coletivamente construímos nossa candidatura.
Tribuna Ribeirão – O que a sua candidatura tem de diferencial em relação às demais?
Anderson Polverel – Nossa candidatura tem como diferencial um grupo forte de advogados, advogadas, professores e educadores que se uniram em prol do resgate do papel institucional da OAB de defender o livre exercício da Advocacia para que o advogado e a advogada possam com liberdade e independência defender os direitos da sociedade. Exerço a profissão de advogado há 16 anos na cidade de Ribeirão Preto e na região. No âmbito institucional coordenei as Comissões de Direitos Humanos e de Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil, 12ª Subseção, nas gestões 2013/2015 e 2016/2018. Fui representante da Ordem dos Advogados do Brasil, 12ª Subseção, junto à Câmara Municipal de Ribeirão Preto nas gestões 2013/2015 e 2016/2018. Também presidi o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac).
Jorge Marcos
Tribuna Ribeirão – Por que o senhor quer ser presidente da OAB de Ribeirão Preto?
Jorge Marcos – Um grupo de advogados nos convidou para esta empreitada porque entendeu que estamos vivendo intensa transformação no Judiciário, e, por extensão, na Advocacia. A OAB de Ribeirão, assim como no âmbito federal e estadual, tem se omitido. Passamos três anos da última gestão sem qualquer reclamação ou gestão da OAB junto ao Judiciário. A Advocacia não está um mar de rosas. Pelo contrário, tem um rosário de problemas. Esta OAB não tem ouvido o Advogado, talvez em razão de seus vínculos íntimos com membros do Judiciário e do Ministério Público nas escolas de direito.
Por isso, a nossa candidatura prima pela independência, ousadia e compromisso com as transformações que se avizinham. Os advogados precisam ser ouvidos. Os novos formatos de atos judiciais, como audiências virtuais, dependem da boa atuação do advogado. Por isso, é justo e produtivo que construamos juntos esta nova justiça. Advogado não é despachante de luxo, nem coadjuvante. É ator principal, assim como juízes e promotores.
Fizemos duas gestões na OAB, exatamente com estas características. Estamos voltando para resgatar esta OAB protagonista, forte, independente, reclamona, que não esquece temas como Direitos Humanos, Democracia, aperfeiçoamento profissional, mas que cuida do cotidiano do Advogado, de cada detalhe. Sem isto o Advogado não pagará suas contas no final do mês.
Tribuna Ribeirão – O que sua candidatura tem de diferencial em relação às demais?
Jorge Marcos – Primeiro temos uma chapa com os membros atuantes. As doutoras Carolina Harám e Maria da Conceição do Nascimento e os doutores Luiz Fernando Mokwa e Rodrigo Stábile, são advogados atuantes, em contato com os problemas dos fóruns e da Advocacia, como todos os demais advogados.
Em segundo lugar, as nossas gestões na OAB de Ribeirão Preto, de 2004 a 2009, foram marcadas por assembleias, reuniões, atendimentos individuais com advogados, propiciando conhecimentos dos problemas e implementando a democracia direta, que resultou em protagonismo da OAB, com grandes realizações. Os novos tempos exigem experiência, ousadia e independência. Queremos resgatar esta OAB, com as adaptações às novas tecnologias. Temos uma longa história de defesa da Advocacia, de realizações. Queremos fazer melhor e faremos.
Maria Eugênia
Tribuna Ribeirão – Por que a senhora quer ser presidente da OAB de Ribeirão Preto?
Maria Eugênia – A decisão de apresentar o projeto de mudança nasceu da constatação de que a advocacia se sente abandonada pela OAB, que não trata e, muitas vezes sequer discute os problemas reais da advocacia. Para enfrentar esta realidade é preciso reconectar a OAB com a advocacia, fortalecer o protagonismo da nossa instituição perante os órgãos de atuação profissional (judiciário, INSS, Receita Federal e outros), ouvir a advocacia e propor soluções para os problemas reais vivenciados pelos advogados e advogadas. Outro aspecto é o desafio de apresentar uma candidatura feminina para presidente da 12ª Subseção, que completará 90 anos de existência no próximo ano, mas nunca foi presidida por uma mulher. É um projeto de mudança de verdade, para uma OAB acessível à advocacia, ativa, plural e verdadeiramente participativa.
Tribuna Ribeirão – O que sua candidatura tem de diferencial em relação às demais?
Maria Eugênia – A chapa 10124 OAB PODE MAIS – MARIA EUGÊNIA é a verdadeira mudança na OAB. A união das novas ideias e com a experiência. Propomos a implantação do projeto “OAB Digital Transparente e Acessível” com ações que criem espaços de participação direta da classe nas atividades institucionais por meio de novas tecnologias. Um sistema de acesso integral da advocacia à estrutura da OAB, sejam, às prerrogativas, agenda da diretoria e comissões, orçamento, consultas públicas de interesse da classe, propositura de atividades, ouvidoria, dentre outros. Tudo com registro das informações e tempo determinado de resposta. Está na hora da mudança. Sou advogada militante há 10 anos em Ribeirão Preto, pós-graduada em processo civil pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Gestão de projetos e políticas de desenvolvimento pelo instituto de Investigação Ortega y Gasse da Universidade Complutense de Madri.
Tribuna propôs encontro entre os candidatos
A direção do jornal Tribuna Ribeirão se propôs a reunir todos os candidatos à presidência da OAB-RP, em um encontro em forma de ‘live’, que aconteceria nesta segunda-feira, dia 22.
Pelas regras, os quatro candidatos participariam presencialmente e a classe dos advogados de Ribeirão Preto, seria convidada a assistir à live e a fazer perguntas para esses candidatos. Caberia à equipe de reportagem do Tribuna Ribeirão, apenas a mediação do evento.
No entanto, apesar dos sucessivos esforços, apenas os candidatos Dr. Jorge Marcos de Sousa e Dra. Maria Eugênia Biffi confirmaram suas presenças. E isso prontamente.
Infelizmente, porém, a direção do jornal Tribuna Ribeirão entendeu que a participação de apenas 50% dos candidatos não coaduna com a intenção da realização do evento, que era a de ser amplamente democrático e representativo.