A virada do ano de 2019 entrou para a história da humanidade. Em 31 de dezembro daquele ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na República Popular da China. Uma semana depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020. Era o ponto de partida para uma das piores pandemias da raça humana e que persiste até hoje.
Vidas foram perdidas precocemente pela covid-19. Hospitais ficaram superlotados. Empresas se fecharam e empregos foram perdidos. Sonhos foram interrompidos ou tiveram que ser adiados.
O casamento, sonho e projeto de vida de milhares, foi um dos muitos afetados. Agora, com o aumento no número de pessoas vacinadas contra a covid-19 e queda no número de mortes e internações, a confiança dá sinais de ressurgimento. Com isso, os casamentos e seu setor, a exemplo de outros setores, começaram a ter projetos retomados.
Em Ribeirão Preto, antes da pandemia, os Cartórios de Registro Civil tinham quase 4.300 casamentos registrados por ano. Foram 4.225 em 2019 e 4.267 em 2018. Em 2019 o número caiu para 3.068, ou seja, foram 1.157 cerimônias no Civil (-27,4%) em 2019 e 1.199 (-28%) no ano anterior.
Mas os números estão aumentando em 2021. A média mensal que era de 356 casamentos em 2018 e 352 em 2019, caiu para 255 em 2021 e agora está em 291 registros/ mês, o que equivale a uma crescente de aproximadamente 14%.
Comparando os dez primeiros meses de 2020 com 2021 o aumento é maior. Ano passado, de janeiro a outubro foram realizados 2.378 registros de união civil. No mesmo período deste ano já são 2.909, um aumento de mais de 22%.
Os números de Ribeirão Preto se assemelham aos do estado de São Paulo que apontam um crescimento de 19,57% entre janeiro e outubro de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os dados foram apurados pelo Tribuna no Portal da Transparência do Registro Civil (https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio).
Casamentos sem festas
Um detalhe que dever ser levado em conta é que grande parte dos casamentos registrados nos Cartórios não tiveram festas ou elas foram mais restritas em número de convidados. Além disso, muitos casais oficializaram o matrimônio e adiaram as festas na pandemia.
A empresária e cerimonialista Cristina Falquetti, diretora da Flor de Mel Cerimonial, diz que agora as agendas estão lotadas. “Os casamentos adiados lotaram as agendas dos profissionais de eventos para 2022. Foram muitos adiamentos e também a ansiedade e preocupação que foi gerada nos noivos nesse momento tão difícil durante a pandemia. Tivemos que driblar as novas datas e conciliar com todos os fornecedores envolvidos”, explica.
Tudo isso indica, segundo ela, muito trabalho em 2022. “[Estamos com] aceleração total em relação à demanda dos eventos. Estamos trabalhando não somente com os casais que tiveram os seus sonhos adiados, mas também com novos casais que interromperam por um instante essa caminhada rumo ao grande dia”, diz.
Um novo jeito para as festas
O casal Isabela Orlandin Pequeno e Pedro Henrique Afonso teve que se adaptar à pandemia para realização da festa de casamento. “A pandemia atrapalhou nossos planos quanto à quantidade de convidados. Algumas pessoas não estiveram presentes devido às restrições da época (setembro deste ano)”, disse Isabela. “Depois de 14 anos de espera e cumplicidade, nosso ‘sim’ não poderia ter sido mais cheio de significado. Nosso ‘sim’ foi mais do que a concretização de um sonho particular. Foi um raio de alegria, fé e esperança para toda a nossa família e amigos em meio ao triste momento que estamos vivendo”, finalizou.
Já os noivos Daiane Cristina Fioravante e Cleudiomar Lopes de Siqueira tiveram que adiar o momento do ‘sim’. “Adiar o dia tão sonhado por nós, não foi fácil, mas diante do cenário que nos encontrávamos era necessário para resguardar a todos que estariam presentes neste dia especial. Agora, não mais distante a ansiedade se torna amena e a expectativa a todo vapor”, revela Daiane.
Cristina Falquetti dá dicas para quem pretende casar ou realizar a festa de casamento no próximo ano. “Minha dica agora é ter muita paciência e confiarem em sua assessoria, pois tivemos que atuar como psicólogos dos noivos e motivando-os a não desistirem do grande dia.
Para isso, temos durante o ano os sábados que chamamos o dia de ouro, e são mais ou menos 50 [datas], então para tentarmos amenizar e conciliar com todos os profissionais que também estão com suas agendas apertadas é fazermos as alterações de datas para dias alternativos, como sextas-feiras, domingos e até mesmo um dia que anteceda a feriados”, finaliza Falquetti.