Quando a gente acha que já viu de tudo desse governo de extrema-direita, surge mais uma bomba! Milhões de alunos do ensino médio fazem, neste domingo e no próximo, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas elas ocorrem em uma das maiores polêmicas envolvendo a educação nos últimos anos. É que o Genocida, no seu tour por Dubai, afirmou aos jornalistas, na última segunda feira (15/11), que “agora, o Enem passa a ter a cara do governo”. Afirmação de extrema gravidade. Bolsonaro e seus asseclas continuam a destruir as políticas públicas consolidadas e exitosas como o Enem. Eles desejam uma sociedade, cada vez mais, à sua imagem e semelhança.
“A afirmação do presidente é uma assinatura de culpa, a prova que eles não têm a menor noção. O presidente comprovou o que estamos denunciando há meses, de que há interferência política e ideológica nas provas do Enem”, disse o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente Mista pela Educação no Congresso Nacional. Para o deputado, “não é papel do Enem ter cara de A ou B. A prova é uma política de Estado”. Ele é um dos parlamentares que pediu a convocação do Ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, para explicar o que está acontecendo com o Enem. O ministro compareceu à Câmara na última quarta e tentou explicar o inexplicável, saindo pela tangente em todas as perguntas.
Alexandre Molon (PSB-DF), líder da oposição na Câmara dos Deputados, afirmou que “quando Bolsonaro interfere politicamente em uma prova como o Enem, ele coloca em risco a qualidade do exame e o futuro do nosso país”. Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), destacou que as declarações revelam que Bolsonaro “participa da quebra de sigilo da prova. É criminoso o que acontece no MEC. Por perseguição ideológica, arruinaram uma estrutura de Estado e produziram um fracasso na principal política pública de acesso à universidade. Em qualquer governo, seria caso de demissão do ministro. No atual, é para demissão do presidente.”
Servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem, fizeram essas mesmas denúncias ao Fantástico no último domingo. Eles afirmaram ter sofrido pressão psicológica e vigilância velada na formulação das provas deste ano para que evitassem questões polêmicas que poderiam “incomodar o governo”. Eles fazem parte do grupo de 37 servidores que pediram exoneração do cargo alegando “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do órgão”. Na quarta, o ministro Ribeiro afirmou que as divergências se devem a gratificações retiradas. Piada!
O ministro Ribeiro já fora à Câmara em junho para explicar uma entrevista em que revelou pretender ter acesso prévio à prova do Enem para vistoriar se havia questões consideradas de cunho ideológico. Ele afirmou na audiência que “abriu mão” da ideia por entender que havia uma “governança estabelecida pelo próprio Inep” que garantia uma “prova técnica” e que, de maneira alguma, teria acesso. Mas, evidentemente, ninguém acreditou nisso. E agora, a fala do Genocida em Dubai só comprova o que muita gente vem denunciando. Apesar dos desmentidos. Educação e cultura são os campos privilegiados pelos bolsonaristas para travarem a grande batalha do Armagedom – e para isso, se permitem até ferir a lisura e a lei!
O Estadão do último dia 17, em matéria das jornalistas Renata Cafardo e Júlia Marques, faz um histórico das tentativas de interferência, uma notícia ainda mais escabrosa. Em manchete o jornal afirma que “em intervenção inédita, a gestão Bolsonaro fez seleção de questões do Enem”. Essa história vem de longe. Desde a sua eleição, o presidente busca controlar o conteúdo das provas, por meio de sua impressão prévia e análise do banco de questões por comitês externos ao Inep.Além de tudo, essa interferência é um insulto e um deboche a milhões de estudantes e aos seus professores e professoras que fazem um trabalho árduo de preparação para essas provas. Tanto esforço que o Genocida joga, agora, no lixo.