Tribuna Ribeirão
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Museu apresenta dinossauro raro

FOTO: MUSEU NACIONAL

Pesquisadores apresenta­ram nesta quinta-feira, 18 de novembro, a descrição de uma nova espécie de dinossauro, batizada de Berthasaura leo­poldinae. De porte pequeno, com aproximadamente um metro de comprimento e pe­sando entre oito e dez quilos, viveu no período Cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás, onde hoje está situado o município de Cruzeiro do Oeste, noroeste do Paraná.

O artigo dos pesquisadores do Museu Nacional da Univer­sidade Federal do Rio de Janei­ro (UFRJ), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gradua­ção e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e do Centro Paleontológico da Universidade do Contes­tado – Celempao (Mafra, SC) foi publicado ontem na revista científica Nature.

O esqueleto de Berthasau­ra leopoldinae foi encontrado em escavações conduzidas pela equipe de paleontólogos do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado e do Museu Nacional, em um corte de estrada rural em Cruzeiro do Oeste.

“Na última década, de­zenas de fósseis foram co­letados nessa região, o que levou à descrição de novas espécies, particularmente de pterossauros. Essa nova des­coberta de um dinossauro, o segundo da região, mostra a importância daquele sítio fossilífero que chamamos de Cemitério dos pterossauros”, disse o geólogo do Celempao, Luiz Weinschütz, que coor­denou as escavações.

“Os materiais fósseis são muito bem preservados e, por isso, têm fornecido várias in­formações importantes a res­peito desse ecossistema que re­presenta um oásis no meio de um deserto do Cretáceo”, afir­mou o pesquisador Everton Wilner, também do Celempao. A idade dos depósitos ainda é incerta, devendo se situar en­tre 70 e 80 milhões de anos.

Dinossauro sem dentes
A maioria dos dinossauros encontrados no Brasil podem ser divididos em dois grandes grupos: os saurópodes e os terópodes. Berthasaura é um terópode pertencente aos abe­lissaurídeos, importantes com­ponentes das faunas do hemis­fério sul no período Cretáceo, disse o diretor do Museu Na­cional, Alexander Kellner, que participou de algumas escava­ções em Cruzeiro do Oeste e é um dos autores do artigo.

“Temos restos do crânio e mandíbula, coluna vertebral, cinturas peitoral e pélvica e membros anteriores e poste­riores, o que torna Bertha um dos dinos mais completos já encontrados no período Cre­táceo brasileiro”. Mas, segundo Kellner, o que torna esse di­nossauro genuinamente raro, é o fato de ser um terópode des­provido de dentes, o primeiro encontrado no país.

Para se ter certeza dessa condição, foi feito um estu­do, no Laboratório de Instru­mentação Nuclear da Coppe/ UFRJ, utilizando a micro­tomografia computadoriza­da. “Aplicar técnicas que são comuns em outras áreas de pesquisa em fósseis, como a tomografia, é algo que tem nos fascinado muito”, disse o pro­fessor Ricardo Tadeu Lopes, que coordena o laboratório.

Segundo o aluno de douto­rado do Programa de Pós-Gra­duação em Zoologia do Mu­seu Nacional/UFRJ, Geovane Alves Souza, que desenvolveu a pesquisa como parte de sua tese de doutorado, “além da Berthasaura não possuir den­tes, a espécie também não apresentava qualquer sinal da existência de cavidades por­tadoras de dentes (alvéolos) na mandíbula e no maxilar e a microtomografia da mandí­bula confirmou que não era apenas um artefato de preser­vação, mas, sim, uma feição desse novo dinossauro.”

O pesquisador acrescentou que foram identificadas marcas e sulcos sugerindo a presença de um bico córneo (de queratina), semelhante ao que ocorre nas aves hoje em dia. “É difícil con­firmar se a Berthasaura poderia ter usado seu bico para rasgar nacos de carne, assim como os gaviões e urubus fazem hoje em dia, ou se o bico seria utilizado para cortar material vegetal. Vivendo em uma área restrita como o deserto, esse dinos­sauro deveria se alimentar do que estivesse disponível, tendo provavelmente desenvolvido uma dieta onívora”.

Homenagem tripla
O nome do dinossauro é uma homenagem “tripla”, como destacou a pesquisadora Marina Bento Soares: “Bertha se refere à professora/pesqui­sadora Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976), bióloga do Museu Nacional/UFRJ e uma das principais líderes na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras.”

A pesquisadora também explicou que o epíteto es­pecífico leopoldinae home­nageia tanto a imperatriz brasileira Maria Leopol­dina (1797 – 1826), que foi uma grande entusiasta das ciências naturais e uma das principais responsáveis pela independência no Brasil, como também a escola de Samba Imperatriz Leopoldi­nense que homenageou o Mu­seu Nacional como o tema do seu desfile na Marquês de Sa­pucaí em 2018.

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