Em vez da recuperação econômica prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, os trabalhadores brasileiros estão vivendo a escalada da inflação que não dá trégua ao salário congelado da população. A inflação galopante é o complemento sinistro de um desemprego muito acima dos padrões observados no mundo. Logo depois do choque inicial da pandemia, as famílias trataram de se isolar, o consumo despencou e os preços caíram. Mas hoje, mesmo com o salário de todos os trabalhadores congelados e o desemprego, a inflação continua com uma alta generalizada de preços no Brasil.
Segundo dados do Dieese/Contag, o índice da inflação de outubro, divulgado na última quinta-feira (11), chegou a 1,25% e foi 45% maior do que o registrado em outubro de 2020. A inflação de alimentos e bebidas foi ligeiramente mais baixa que o índice geral, 1,17%. O índice, contudo, permanece alto, indicando que a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima dos dois dígitos no futuro próximo. O IPCA atualizado ficou em 10,67% em outubro. Os preços de alimentos e bebidas, por sua vez, registram aumento de 11,71% no acumulado em 12 meses.
Para as classes mais baixas, a inflação é ainda maior do que para os mais abastados em cerca de 23%, como mostra o Ipea. Os analistas estão revendo para cima a previsão da inflação para 2021, e agora se aproxima de um IPCA de 10%, segundo o último relatório Focus, do Banco Central, de 08/11/2021. O tamanho do problema pode ser medido pela estimativa que consta no PLOA 2022, enviado pelo governo em 31/08, com uma previsão de 5,9% para o IPCA.
No item “alimentos e bebidas”, o destaque do levantamento divulgado pelo Dieese/Contag ficou por conta do aumento do açúcar refinado, do café moído e do milho – três produtos que sofrem influência do preço internacional. Os tubérculos também apresentaram forte alta, em especial a mandioca, batata doce e batata inglesa. O óleo de soja, margarina, tomates, aves, ovos e a carne vermelha também tiveram elevação acima do índice geral, puxando a sua alta. A queda ficou restrita a poucos itens deste grupo, em particular o arroz, o inhame e a cebola.
O compromisso de conter a alta de preços não vem sendo cumprido pelo atual governo. O Brasil precisa retomar a direção do desenvolvimento e do crescimento econômico e abandonar imediatamente essa política econômica nefasta. Enquanto isso não ocorre, os investimentos são adiados e as filas do desemprego e dos programas sociais só aumentam. A preocupação com a fome é urgente, a população de rua aumentou a olhos vistos, e não há planejamento ou estratégia clara para contornar a crise atual.
Os jovens têm sofrido particularmente com a crise, muitos deixando as escolas para buscar trabalho informal para completar a renda familiar, uma vez que o formal é insuficiente para abrigar até mesmo aqueles já com experiência e boa formação. Se continuar assim, perderemos mais uma década e desperdiçaremos mais uma geração, um futuro jogado no lixo. O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis, ao mesmo tempo em que denuncia a escada da inflação e a volta do desemprego, trabalha ao lado das forças vivas da sociedade para recolocar o País no caminho do crescimento com inclusão social, caminho este que só pode ser alcançado com respeito à democracia e aos direitos e anseios dos nossos trabalhadores.