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DE VOLTA PARA CASA OU A ALGUM LUGAR – Prefeitura banca viagens de moradores de rua

FOTOS: ALFREDO RISK

Todos os dias a Secretaria Municipal de Assistência Social de Ribeirão Preto realiza o re­câmbio de cinco pessoas. Regra geral são indivíduos em situa­ção de vulnerabilidade social, os chamados andarilhos, que não tem como se locomover até o local para onde pretendem ir e dependem da ajuda do poder público. Por mês, uma média de 160 pessoas são recambiadas.

O objetivo do serviço – ofe­recido há muitos anos pelo mu­nicípio -, é disponibilizar passa­gem de ônibus intermunicipal para quem chega à cidade e não tem como voltar ao local de ori­gem ou deseja se transferir para outro município. Para isso, a Prefeitura de Ribeirão Preto dis­ponibiliza passagens em empre­sas de ônibus intermunicipais que realizam este transporte em linhas convencionais.

Morador de rua no Centro de Ribeirão Preto

A maioria dos beneficia­dos pelo recâmbio são pes­soas atendidas pela Casa de Passagem – a antiga Central de Triagem e Encaminhamen­to ao Migrante, Itinerante e Morador de Rua de Ribeirão Preto (Cetrem) –, localizada no Jardim Salgado Filho I, na Zona Norte da cidade. O equi­pamento oferece aos migran­tes um local para que possam se alimentar, fazer a higiene pessoal e dormir durante um determinado tempo. Vale res­saltar que as pessoas que não querem deixar a cidade não são obrigadas.

O total de recambiados por Ribeirão Preto já foi maior. Entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2019, Ribeirão Preto “devolveu” 1.862 pessoas em situação de vulnerabilidade social. Na épo­ca, os dados foram solicitados pelo Tribuna e mostraram uma média de 206 pessoas recambia­das por mês, quase sete por dia (6,8). Naquele período foi rea­lizado o recâmbio para 40 ci­dades paulistas e mineiras. No novo levantamento, solicitado pelo Tribuna, não foram di­vulgadas as cidades com maior número de recâmbios.

Em 2019 a distância máxima disponibilizada era para municí­pios distantes, em media, até 150 km de Ribeirão Preto. Mas, isso mudou um pouco e, segundo a Secretaria de Assistência Social, atualmente o atendimento bus­ca priorizar a real necessidade da pessoa. “Se for necessário, é articulado com outros municí­pios para garantir o recâmbio de percurso. Ou seja, ele vai até o município em que temos pas­sagem e em contato com o ser­viço daquele município dá-se a continuidade do trajeto até o destino final”, afirmou em nota a Secretaria.

Doação de cestas básicas multiplicou na pandemia

Distribuição de seis mil cestas básicas por mês

Desde o começo da pandemia do coronavírus a Secretaria de Assistência Social de Ribeirão Preto aumentou a doação de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilida­de. O total mensal que era de 250 cestas em março do ano passado subiu para uma média de seis mil cestas por mês, entre abril do ano passado e outubro deste ano. O que totaliza 114 mil cestas básicas emergenciais doadas.

Entre as ações implementadas pela Secretaria, em função da pandemia, está a criação em março deste ano da Central de Atendimento e Cadastro Emer­gencial (Cacem) para a solicita­ção de cesta básica emergen­cial. A Central já recebeu 40.806 ligações e concedeu 28.730 cestas básicas emergenciais.

Em fevereiro deste ano também foi criado o projeto NutriAção, exclusivo para famílias em situ­ação de vulnerabilidade social que vivem nas 105 comunidades (favelas) da cidade. O objetivo é distribuir kits alimentares, fazer o cadastro e referenciamento das famílias para que tenham acesso aos programas federais, estaduais e municipais. Até o mês de outubro foram distribu­ídos mais de 9 mil kits alimen­tares. Dados da Central Única das Favelas (CUFA) revelam que, cerca de, 45 mil pessoas vivem em favelas na cidade.

Espaço para animais de moradores de rua

Animais terão local para ficar enquanto o dono almoça

A nova unidade do Restaurante Bom Prato que será construída no Centro de Ribeirão Preto terá espaço pet e estrutura para atendimento de pessoas em situação de rua. O restaurante será construído na rua Lafaiete, altura do número 60 e deverá ser referência no programa estadual, com um novo conceito estrutural, que visa o acolhimen­to às pessoas em situação de vulnerabilidade social.

A unidade contemplará um espaço pet com o propósito de acolher os cães de estimação dos frequentadores do restaurante, especialmente aqueles que estão em situação de rua. A iniciativa visa incluir o maior número de pessoas, inclusive as que por muitas vezes deixam de utilizar o restaurante popular, por não ter onde deixar seus cães. Trata-se de um espaço seguro, que abri­gará os animais enquanto seus donos fazem suas refeições.

Um anexo para o acolhimento prioritário às pessoas em situ­ação de vulnerabilidade social e que fazem uso do restaurante também faz parte do projeto. Serão prestados serviços de higiene, como banho, ofereci­mento de roupas limpas, corte de cabelo e barbearia, permitindo maior dignidade às pessoas que mais precisam. No equipamento serão prestadas informações e triagem para os diversos progra­mas da Secretaria da Assistência Social. Quando for inaugurada, a atual unidade do Bom Prato Cen­tral, que funciona na Rua Salda­nha Marinho, será desativada.

Ribeirão tem 1.127 pessoas morando nas ruas
Levantamento do Serviço Espe­cializado em Abordagem Social (SEAS), de Ribeirão Preto revela que existem 1.127 pessoas em situação de rua em Ribeirão Pre­to. O Serviço é ligado à Secreta­ria de Assistência Social.

De acordo com os dados, a maioria dos moradores de rua são homens, com idade entre 30 e 45 anos, que não completaram o ensino fundamental e que fazem uso de álcool e outras drogas, tendo predominância o consumo de álcool, crack, e com transtor­nos psiquiátricos associados.

As mulheres são minoria, mas elas estão distribuídas em todas as faixas etárias. Assim como os homens, elas são dependentes de crack, vítimas de violência de gênero e tem alta incidência de transtorno psiquiátrico.

Segundo o município a caracte­rística transitória e migratória dos moradores de rua de um bairro para outro e para outros municí­pios dificulta a realização de um censo populacional. Outra dificul­dade listada é o caráter voluntário, ou seja, a disposição deles, em informar dados pessoais.

Entretanto, a Secretaria destaca que equipes técnicas da pasta realizam de forma continuada e programada a busca ativa, com o objetivo, dentre outros, de identificar nos territórios a inci­dência de pessoas em situação de rua.

“Cabe informar que, os serviços que prestam atendimento a essa população, realizam não apenas o registro censitário, mas também coleta de dados que contribuem para o processo de reinserção social e familiar da pessoa em situação de rua”, afirma.

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