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Drible a crise sem se envergonhar

Já observaram como se oferece de tudo, atualmente? A crise econômica aumentou as dificuldades para sobreviver. Com o desemprego elevado, ficou pior. A precariedade está maior.

As famílias de baixa renda são as mais desafiadas para se virar, encontrar uma saída.

Geralmente são as mais numerosas. Muitos filhos, mais os agregados de costume (genro, nora, a sogra, as vezes uma cunhada mais nova, que deixou de estudar e perdeu o casamento).

Os sociólogos de plantão reconhecem que nessas faixas da população a solidariedade é grande. Sempre se dá um jeitinho, onde come um, comem cinco, seis ou mais. Afinal, sempre estão irmanados; abrigados também os desempregados, uns dois – pelo menos, por família. Eles fazem parte dos 14 milhões que o Brasil tem e cria, orgu­lhosamente, desde os tempos em que, ainda, não se falava em pandemia.

Ah, nessas famílias também tem os idosos que não tinham a aspiração de, um dia, se aposentar. Agora, não possuem ganho algum. E, assim, rezam: o calor de um, é o cobertor de todos. Onde dorme um, sonham todos. O pesadelo não termina ali.

Quando amanhece, não dividem o sol. A ordem é sair pra “matar um leão por dia”. Quando anoitece, comparti­lham o que foi conquistado. As crianças têm a preferência. Os adultos ficam para o fim, se sobrar. Dessa filosofia da sobrevivência ali ninguém é excluído; conhecem bem, não precisaram ir à escola para aprender. Foram diplomados nos esconderijos dos viadutos e na escuridão das casas abandonadas.

Conseguiram se reinventar.

Descobrindo as esquinas que mais rendem um dinhei­rinho se concentram, disciplinadamente.
Os mais jovens, ainda menores, são orientados como devem abordar o motorista no semáforo. Um pedaço de papelão informa: “me ajuda, estou com fome!” Quando ganham um trocado, “obrigado senhor?” Quando não, “vá com Deus!” Nunca apelam ou maltratam.

Aceitam um pedaço de pão, uma roupa qualquer, nada recusam. São prestativos, auxiliam motoristas, idosos ao volante ou mães que carregam bebês. Quem, por alguma razão, não ajuda, sai envergonhado. No passado, temia-se que riscassem os carros, hoje não. Aboliram a violência. Eles aprenderam a nova convivência. Drogas e sexo evi­tam, à luz do dia e aos olhos dos seus colaboradores. As­sim se mostram e são reconhecidos. Menos pelos cadastros das organizações assistenciais públicas, que os ignoram. É a nova realidade social deste começo de século.

A crise também educa. Basta querer, ou precisar. A matéria-prima nata é a inteligência. A estratégia vem das ruas. Surge a criatividade, é o seu potencial natural.

Prontos, sobrevivem! É o atual estágio da sociedade brasileira. Eles nos ensinam. Com eles também já aprende­mos como conviver. São muitos, incontáveis. Serão mais? Talvez. Até quando? Só Deus sabe. Façamos a nossa parte.

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