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Responsáveis por incêndios são multados em mais de R$ 130 milhões

FOTOS: DIVULGAÇÃO / POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL

Ao menos dois dos três principais incêndios que atin­giram as estações ecológicas da Santa Maria e da Jataí tive­ram seus responsáveis identi­ficados e multados pela Polícia Militar Ambiental. As multas somadas ultrapassam R$ 130 milhões. Elas foram calculadas de acordo com o tipo e estágio da vegetação, tamanho da área atingida e o que foi empregado na destruição.

No primeiro incêndio que ocorreu na Unidade de Con­servação da Jataí, que durou aproximadamente dez dias e contou com média de 60 pes­soas por dia no combate das chamas, os agentes identifica­ram que este teria tido início em uma área rural de São Carlos, próximo ao Rio Mogi Guaçu e divisa com a Floresta da Jataí, localizada em Luiz Antônio.

Na oportunidade, durante diligências pelo local, a patru­lha ambiental conversou com um homem, que trabalha na propriedade em que as chamas se iniciaram, que confessou ter colocado fogo em um lixo e sa­ído sem monitorar o fogo.

De acordo com o capitão da Polícia Militar Ambiental de Ribeirão Preto e região, Dio­go Araújo, o fogo se alastrou, pegou em uma mata menor, se estendeu para uma maior até chegar em uma plantação de milho, onde teria toma­do proporções gigantescas.

“Ali é divisa com Luís An­tônio, onde se encontra a mata da Jataí. Ele já foi autu­ado, as multas foram lavradas no nome dele e vai responder parte do processo criminal”, comentou Araújo. O capitão ressaltou que, neste caso, o ho­mem foi conduzido até a dele­gacia de São Carlos e multado com dez multas que, somadas, totalizaram R$ 120 milhões.

No entanto, em relação ao segundo incêndio que ocorreu dias depois na Unidade de Con­servação da Jataí, os responsáveis ainda não foram identificados. Araújo destacou que foi consta­tado ter ocorrido uma discussão entre pescadores que realizavam pesca predatória no rio Mogi Guaçu que teria resultado nes­te segundo incidente.

O capitão comunicou, ainda, que as chamas se alastraram rapidamente e isso fez com que os autores fugissem do local, inclusive, deixando seus pertences para trás.

Apesar disso, após vários dias de trabalho para identi­ficar os supostos pescadores que estavam no local e teriam causado o incêndio, Araújo ex­plica que não foi possível por falta de informações. Assim, o incêndio é tido como crimino­so sem comprovação de auto­ria até o momento.

Apenas o responsável por um dos incêndios que ocorreu na Unidade de Conservação da Jataí foi identificado e multado

Santa Maria
O mais recente dos incên­dios, que ocorreu na Estação Ecológica da Santa Maria, loca­lizada no município de São Si­mão, e queimou completamente a área de vegetação, teve seus au­tores identificados. Nesse caso, a responsabilidade foi constatada como sendo de uma usina, cujo nome não foi revelado.

O capitão da Polícia Mili­tar Ambiental comunicou que, para a identificação, foram uti­lizadas coletas de informações com buscas de fotos de satéli­tes captadas pelo Instituto Na­cional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além disso, foi encami­nhada uma equipe até o local identificado como ponto ini­cial das chamas que conseguiu colher o depoimento de duas testemunhas, que foram parte fundamental da investigação.

“A primeira delas, que chegou até ser a conduzida à delegacia por conta de seu tes­temunho, informou que por volta das 6h30 viu um cami­nhão pipa e um carro fazendo o que é chamado de ‘incêndio controlado’, que seriam pes­soas colocando fogo em uma área pequena que vai sendo apagada. A partir disso, ele [fogo] começou a avançar para cima da mata”, disse Araújo.

Ainda de acordo com o ca­pitão, existem vários motivos para se fazer esse procedimento. No entanto, essa é uma técnica proibida e que, em último caso e após análise, pode ser feita ape­nas pelo Corpo de Bombeiros.

“Temos outra testemunha, que é funcionária da Estação Ecológica da Santa Maria, que disse ter passado de moto pelo local, nesse mesmo ho­rário, viu o incêndio, assim como o caminhão pipa que, de acordo com ele, tem a mesma descrição dita pela primeira testemunha. Além disso, esse funcionário tirou uma foto, possibilitando a identificação do caminhão”, completou.

Com as informações de ambas as testemunhas, a em­presa foi questionada sobre o rastreamento dos veículos e, com auxílio do Grupo de Atu­ação Especial do Meio Am­biente (Gaema), foi possível constatar que o caminhão da usina estava no horário e lugar apontado pelas testemunhas e imagens de satélite.

Para identificar autores, a Polícia Militar Ambiental analisou fotos de satélites captadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espa­ciais (Inpe)

Em virtude desse incên­dio, foram queimados 946 hectares de vegetação nativa, 494,5 hectares de áreas de cana-de-açúcar, 725 hectares de outras atividades agrossil­vopastoris [combinação inten­cional de árvores, pastagem e gado, e lavoura agrícola numa mesma área ao mesmo tempo e manejados de forma integrada, com o objetivo de incrementar a produtividade por unidade de área], assim como demais áreas de vegetação. Referente a este incêndio, as multas am­bientais, somadas, chegam ao valor de R$ R$ 13.892.980,00, sendo a maior delas no valor de R$ 6,6 milhões.

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