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Comissão avalia extinção do Daerp

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A prefeitura de Ribeirão Preto criou uma comissão es­pecial para acompanhar o pro­cesso administrativo de extin­ção do Departamento de Água e Esgotos (Daerp). O decreto número 247/2021 foi publica­do no Diário Oficial do Muni­cípio (DOM) de quarta-feira, 3 de novembro. O colegiado terá caráter técnico e analisa­rá a situação orçamentária, os contratos e projetos, recursos humanos e outras questões en­volvendo a autarquia.

No total, 17 servidores fo­ram nomeados para integrar a comissão. Os secretários das pastas envolvidas na ex­tinção da autarquia e o supe­rintendente do Daerp, Anto­nio Carlos de Oliveira Junior, poderão participar das dis­cussões e deliberações.

A prefeitura de Ribeirão Preto terá de alterar a Lei Or­gânica do Município (LOM) – a “Constituição Municipal” – para evitar que a extinção do Daerp, e sua transforma­ção em secretaria municipal, seja questionada no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) por meio de ação direta de in­constitucionalidade (Adin).

O Palácio Rio Branco sabe que não será fácil chegar aos 15 votos necessários. A prefeitura de Ribeirão Preto já enviou para a Câmara de Vereadores o projeto de pro­posta de emenda à Lei Orgâ­nica do Município que altera o inciso 1 do parágrafo 2º do artigo 160 da LOM.

O item determina que a captação, tratamento, con­dução, distribuição e forne­cimento de água potável e a coleta, condução, tratamento e destinação final dos esgotos só podem ser realizados por enti­dade da administração indire­ta do município.

Ou seja, por uma autarquia, como é o caso do Daerp. Signi­fica que a criação da Secretaria Municipal de Água e Esgoto, como defende o Palácio Rio Branco, sem a alteração da Lei Orgânica do Município, seria ilegal, já que as pastas fazem parte da administração direta.

No projeto, a prefeitura in­clui no inciso a possibilidade da administração direta tam­bém poder realizar os serviços de água e esgoto. Assim, a cria­ção da secretaria seria legal. Propostas de emenda à Lei Or­gânica do Município precisam ter suas ementas publicadas no rodapé das pautas de três ses­sões ordinárias.

Depois, precisam ser vota­das em duas sessões extraordi­nárias – com intervalo de dez dias entre elas – e com exigên­cia de maioria qualificada, ou seja, dois terços de votos. No caso de Ribeirão Preto, que tem 22 vereadores, serão ne­cessários 15 votos.

A proposta da prefeitura já foi publicada no rodapé da sessão por três vezes e a pri­meira sessão extraordinária poderia ser convocada pela presidência da Câmara para 7 de outubro, o que não ocor­reu. A base do prefeito Duar­te Nogueira (PSDB) no Le­gislativo tem 14 vereadores.

Ou seja, além dos votos de todos os aliados, o gover­no ainda terá de convencer algum dos outros oito parla­mentares considerados oposi­cionistas a votar favoravelmente à mudança. Em 27 de setembro, o desembargador Fernão Borba Franco, da 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), autori­zou a extinção da autarquia.

A decisão atende recurso de apelação impetrado pela prefeitura contra liminar expedida pela juíza Lucilene Aparecida Canella de Mello, da 2ª Vara da Fazenda Pú­blica de Ribeirão Preto. A magistrada atendeu pedido feito em mandado de segu­rança proposto pela vereado­ra Duda Hidalgo (PT).

Nova secretaria deve atuar a partir de 2022
Segundo o Palácio Rio Bran­co, até 31 de dezembro serão feitas as alterações necessárias para a transformação do De­partamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em secretaria municipal. O governo ressalta que os serviços de água e esgoto do município continuam com a mesma estrutura, adminis­trados diretamente pela prefeitura, “permitindo maior agilidade e adequação à política e às novas diretrizes do Marco Regulatório do Saneamento Básico”.

Os serviços prestados pelo Daerp serão operados pela Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp), que vai incor­porar a estrutura e o quadro de funcionários da autarquia. A lei sancionada estabelece, ainda, que até o final do processo de transição, as dívidas existentes entre o município e o departa­mento terão que ser quitadas.

O projeto foi aprovado pela Câmara em 22 de abril. Porém, no mesmo dia, a juíza Lucilene Aparecida Canella de Mello, da 2ª Vara da Fazenda Pública, concedeu liminar em mandado de segurança proposto pela vereadora Duda Hidalgo (PT), suspendeu a tramitação do projeto e considerou nulo todo o processo legislativo.

Um dos principais argumen­tos da prefeitura para a transfor­mação do Daerp em secretaria é a de que com a mudança ele não poderá ser privatizado no futuro. O departamento é especializado em saneamento básico e conta com controle financeiro próprio. Administra cerca de 209 mil ligações de água e tem uma pre­visão de receita para este ano de R$ 332 milhões.

Opera 120 poços que abas­tecem a cidade. São cerca de 770 funcionários e uma folha de pagamento mensal em torno de R$ 3,9 milhões. No ano passa­do, segundo dados do site da autarquia, arrecadou R$ 281 milhões contra uma previsão de receita de R$ 328 milhões. A inadimplência atual do Daerp é de aproximadamente 25%.

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