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O valor de um gesto de amor e solidariedade

Muitas vezes a beleza da vida se manifesta nos lugares mais inusitados, não precisam de sofisticação, apenas de um gesto de amor e solidariedade. A beleza de um gesto de amor praticado por uma criança, principalmente de crianças que vivem em comunidades pobres, que até pouco tempo eram conhecidas como favela, que apesar da con­dição de miserabilidade, pois não entram nos radares dos serviços públicos, e por conta disso não conhecem o que seja dignidade humana.

Um incêndio ocorrido em um caminhão, numa rodo­via, que passa ao lado de uma destas comunidades suscitou algo inusitado, mostrando que atitudes solidárias ficam gravadas nos subconscientes, principalmente das crianças. Quando o incêndio já estava controlado, e os bombeiros se preparavam para deixar o local, sugiram três personagens vindos da comunidade: dois meninos e um cachorro, os meninos gritavam e faziam gestos chamando a atenção dos bombeiros, aí um dos bombeiros se aproximou para ver o que os meninos queriam, e se surpreendeu.

Ao se aproximar o Bombeiros descobriu que o menino que mais gritava e fazia gestos era mudo, e o que ele queria deixou o Bombeiro emocionado, pois o menino queria simplesmente dar um abraço em seu herói. A cena foi emocionante, os dois meninos abraçando o Bombeiro, com o cachorro sendo testemunha desta cena de amor e solida­riedade. A ação do Corpo de Bombeiro, nestas comunida­des leva esperança e solidariedade, principalmente junto às crianças, que se divertem pedindo para os bombeiros jogar água nelas após o termino dos trabalhos, e isso cria um laço de amizade e companheirismo, e após o banho de água, as crianças fazem fila para pedir autógrafos para seus heróis, que quando chegam para atender uma ocorrência levam consigo a fé e a esperança.

Até 1990, as crianças e adolescentes viviam num vácuo, pois não tinham direitos – o único direito que lhes era permitido era o da obediência incondicional até atingi­rem a idade adulta, quando a proteção da lei os atingia minimamente. Em 1990 foi Promulgada a primeira lei que transformou as crianças e adolescentes em sujeitos, com todos os direitos inerentes à pessoa humana, essa Lei foi o Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA), e após mais de trinta anos, ainda não produziu seus efeitos junto às crianças e adolescentes pobres, pois no artigo 1º exige que a criança e o adolescente tenham proteção integral, coisa que ainda não aconteceu.

A felicidade se manifesta nas coisas mais simples da vida cotidiana, e as crianças sabem disso. O confinamen­to institucional das crianças e adolescente pobres é uma mácula em nossa sociedade. Nascer em uma comunidade pobre é o estigma do preconceito, do racismo e da intole­rância. O direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa­ção, ao esporte, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, todos estes direitos estão expressos no arti­go 4º do ECA, mas por enquanto é letra morta.

A alegria e felicidade dos dois meninos em poder dar um simples abraço no Bombeiro, que para eles é o seu he­rói, tudo testemunhado pelo cachorro de estimação deles, mostra que os pequenos gestos de amor e solidariedade podem mudar o mundo, e a sociedade brasileira precisa começar a percorrer este caminho.

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