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Conclusão da CPI: há um homicida no Planalto

A tipificação criminal das condutas de Bolsonaro ficou clara e transparente no relatório final da CPI da Pandemia. Trata-se de uma peça importante para a nossa história que, com certeza, será referência para inúmeras análises nos di­versos campos científicos. 80 CPFs e CNPJs foram indiciados – destaque para o Genocida com 9 crimes – mesmo que a CPI não quisesse assumir o crime de genocídio. Houve, também, uma série de recados à Procuradoria-Geral da República, órgão ao qual cabe, agora, oferecer uma eventual denúncia contra o ex-capitão por crime comum.

Os momentos finais da CPI, como era de se esperar, foram marcados por pronunciamentos fortes, principalmente por parte do relator Renan Calheiros. É da sua lavra: “o caos do governo Bolsonaro entrará para a História como o mais baixo degrau da indigência humana e civilizatória. Reúne o que há de mais rudimentar, infame e sombrio na humanidade. É despreparado, arrogante, autoritário, com índole golpista, belicoso, mentiroso e agiu como um missionário enlouquecido para matar o próprio povo”. Não há como contra-argumentar. Mesmo que se faça um esforço heroico.

Paira ainda no ar a pergunta que não quer calar: como foi que milhões puderam, um dia, acreditar neste criminoso, cuja “trajetória é marcada pela pulsão de morte, pelo desejo de exterminar adversários, de armar a população e cultuar carniceiros assassinos como Brilhante Ustra”. Não é razoável. Nem Deus explica tamanha insanidade! A produção do mal em escala industrial, como disse o senador Randolfe Rodri­gues– afinal mais de 600 mil vítimas e milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas – foi a motivação de se instalar a CPI, na esteira de uma decisão corretíssima do Ministro Barroso do STF.

O negacionismo do Genocida e dos seus asseclas foi devi­damente esquadrinhado e periciado. A CPI não é um tribu­nal, mas preparou a mesa do tribunal. Colheu provas irrefutá­veis, documentos comprobatórios, testemunhos impactantes. Enfim, Augusto Aras, o Procurador Geral da República, não terá muito trabalho para se convencer da responsabilização penal dos 80 indiciados. “Se alguém acha que um procurador vai matar no peito o relatório e dizer que houve uma narrativa, vai ter de dizer como foi a narrativa. Esse inquérito é público, não é feito às escondidas. As pessoas vieram aqui falar”, acres­centou Omar Aziz, presidente da comissão.

“Esta CPI escancarou a ação pró-COVID por parte de Bol­sonaro”, afirmou à CartaCapital a cientista política Luciana Santana, professora da Universidade Federal de Alagoas. Para ela, o trabalho da comissão de inquérito entra para a história por ter deixado às claras uma ação coordenada do governo federal para confundir a população sobre como agir diante do coronavírus. A CPI lançou luz na única estratégia de Bolso­naro e do gabinete paralelo para enfrentar a pandemia: a imu­nidade de rebanho. Todos eles atuaram deliberadamente a favor da morte. Por isso, estamos afirmando: há um homicida no Planalto.

O próprio Bolsonaro deu a chave de ouro que faltava para fechar a CPI: ele relacionou mentirosamente as vacinas à propa­gação da aids. Era o que faltava para coroar este libelo que, em algum momento, vai levar o Genocida para atrás das grades. Um crime dessa magnitude não pode ficar impune. Vejamos, agora, os novos atores que vão entrar em cena. A bola está com Augusto Aras e com Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. O enredo não terminou. A sociedade, que já foi ouvida pela CPI, continuará tendo o seu papel nos próximos meses. Afinal, é preciso dar um basta à irracionalidade que se assenhorou da política e da vida em nosso país.

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