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Projeto do Pardo custará R$ 3,1 mi

GUILHERME SIRCILI

A prefeitura de Ribeirão Preto, por meio do Depar­tamento de Água e Esgotos (Daerp) – enquanto não virar secretaria municipal –, poderá financiar R$ 2,9 milhões em recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para elaborar projeto básico e estudos ambientais para apro­veitamento da água do Rio Pardo no abastecimento públi­co da cidade.

O valor total previsto para a elaboração de estudos e do projeto é de R$ 3.118.368,93, dos quais R$ 2.962.450,48 serão financiados pelo Mi­nistério do Desenvolvimento Regional e os R$ 155.918,45 restantes serão contraparti­da do Daerp. A portaria que autoriza a captação do recur­so foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de quarta-feira, 20 de outubro.

O Daerp confirmou nesta quinta-feira (21) que estuda a possibilidade de usar o rio como novo manancial. O pro­jeto deve apontar alternativas para o aumento da oferta e o equilíbrio entre a captação subterrânea no Aquífero Gua­rani e a captação superficial no Pardo, potencializando o uso racional dos recursos natu­rais disponíveis e permitindo a ampliação da produção de água tratada no município.

A expectativa é que 209 mil famílias da região sejam beneficiadas com as obras pos­teriores à realização dos estu­dos. Deverão ser projetados os reservatórios, as adutoras e es­tações elevatórias de água tra­tada que interligarão o sistema de captação superficial ao sis­tema de distribuição existente, de modo que a água captada superficialmente também seja distribuída para todas as regi­ões da cidade.

Atualmente, o abastecimen­to de água em Ribeirão Preto é totalmente feito a partir do Aquífero Guarani, mas estudos geológicos apontam queda nos níveis do manancial, o que acende um alerta quanto à pre­servação da fonte e necessida­de de busca de novas alternati­vas de captação de água.

A atual concepção da ope­ração do abastecimento de água de Ribeirão Preto já está sendo revista e reestrutura­da pelo Daerp, através de um programa amplo de gestão, controle e redução de perdas. Com os investimentos feitos até o momento, o desperdício no sistema de abastecimento foi reduzido em 25,3%, pas­sando de 61,48%, em 2016, para 49,06% em 2020.

O programa pretende re­duzir ainda mais essas perdas e recuperar um volume apro­ximado de um metro cúbico por segundo (m³/s), a fim de garantir o abastecimento da cidade no médio prazo e diminuir a pressão sobre o Aquífero Guarani. O reser­vatório subterrâneo de água tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se estende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o manancial – todo o abastecimento da po­pulação de 720.116 habitantes é feito via poços artesianos –, o nível do aquífero caiu 120 metros em 71 anos, segundo estudos feitos pelo geólogo Júlio Perroni, da Universidade de São Paulo. a mesma pes­quisa concluiu que atualmente a queda chega a dois metros a cada ano, o dobro do registra­do em 2012.

Segundo o pesquisador, os resultados colocam o aquífero entre aqueles não considera­dos renováveis. “O consenso mundial para você considerar o aquífero como renovável é quando o tempo de renovação da água é inferior a 500 anos. Em Ribeirão Preto, o período estimado de seis mil anos co­loca o Aquífero Guarani na ca­tegoria de não renovável”, diz.

Sede da Região Metropo­litana e um dos municípios mais importantes do estado de São Paulo, Ribeirão Pre­to precisa planejar ações que aliem desenvolvimento social e ambiental para alcançar sustentabilidade e garantir água de qualidade e em quan­tidade suficiente à população, que deve chegar a 900 mil ha­bitantes em dez anos.

Para tanto, o município deve agir pela preservação do Aquífero Guarani e as­segurar uma nova fonte de abastecimento, de modo que, no longo prazo, os dois sis­temas funcionem concomi­tantemente. Desta forma, a captação da água superficial do Rio Pardo diminuirá os volumes captados no manan­cial subterrâneo, reduzindo também os impactos.

Em 2013, no segundo mandato de Dárcy Vera, por meio de um anteprojeto ela­borado pela prefeitura, o De­partamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a partir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.

No “Atlas Brasil – Abaste­cimento Urbano de Água”, a Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que Ribeirão Preto e outras 73 sedes mu­nicipais necessitam de novos mananciais, considerando a insuficiência de disponibilida­de hídrica superficial ou sub­terrânea para o atendimento da demanda no longo prazo.

O que preveem os estudos no Pardo?
Os estudos e projetos necessários para analisar a viabilidade de captação de águas superficiais do Rio Pardo e implantação de nova fonte manancial devem compreender:

– Harmonização do abastecimento da cidade, no longo prazo, aos planos e intervenções na área urbana
– Análise e diagnóstico do sistema de abastecimento existente: avaliação do(s) manancial(ais), estudos hidrológicos, avaliação da captação, estudo de tratabilidade e qualidade da água a ser tratada, adutora de água bruta, estação de tratamento de água, reservatórios, elevatórias de água tratada, interligações ao sistema de reservação e redes de distribuição
– Estudos demográficos: inspeções de campo, análise e estudos da dispersão populacional existente, análise de legislação de uso e ocupação do solo, definição de áreas homogêneas e projeções demográficas com horizonte de projeto para 35 anos
– Determinação de demandas de água: critérios e parâmetros de projeto, cálculo das demandas mínimas, médias e máximas diárias e horárias
– Inspeções de campo para definição de alternativas e traçados – matriz de alternativas
– Concepção do sistema proposto: avaliação do manancial, elevatória de água bruta/tratada, adução de água bruta/tratada, estação de tratamento de água, reservatórios e interligação ao sistema existente
– Pré-dimensionamento das instalações propostas e definição da melhor concepção sob os aspectos de custo/ benefício e ambientais
– Estudos complementares: levantamento topográfico planialtimétrico, batimetria; investigação do solo com sondagem a percussão, estudos geológicos, geotécnicos e arqueológicos

O projeto básico compreende:
– Projeto básico da captação de água superficial
– Projeto básico de adução de água bruta
– Projeto básico da estação elevatória de água bruta
– Projeto básico da estação de tratamento de água
– Projeto básico da estação elevatória de água tratada
– Projeto básico da adução de água tratada
– Projeto básico dos centros de reservação setoriais
– Projetos das interligações ao sistema existente

Os estudos financeiros compreendem
– Avaliação de investimentos e despesas de exploração do projeto de aproveitamento do rio Pardo
– Estudos econômicos e financeiros ao longo do período de alcance do projeto (35 anos).

Os estudos ambientais compreendem
– Estudos ambientais de todo o sistema produtor de abastecimento do rio Pardo
– Licenciamento ambiental prévio

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