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Aquecimento global: ameaça real

Em 1949 o cardeal W. Schuster proferiu esta verdade irrefutável: “Deus perdoa sempre; os homens algumas vezes; a natureza nunca”. Ao longo dos anos temos discutido as alterações da natureza determinadas pelo Homem. O aquecimento global é um dos temas mais polêmicos.

Ainda há quem discuta a existência e a importância do aquecimento global. No entanto, a maior parte dos especialistas em clima entende que a atividade humana vem elevando a temperatura global e que essa emissão de calor relevante teria iniciado há cerca de 250 anos. Na verdade é cada vez menor o número de cientistas climáticos com opiniões diferentes.

Alguns chegam a pensar que essa quase unanimidade entre os cientistas seja uma conspiração entre eles. Se baseiam no achado por um hacker que em novembro de 2009 revelou dados de e-mails e documentos mostrando dados que se contrapunham com as versões “oficiais”. No entanto esses dados se referiam a apenas um grupo de pesquisadores enquanto os dados de aqueci­mento global partem de um grupo muito maior.

Achados diretos e indiretos tem mostrado esse aquecimento. A massa de gelo flutuante do Ártico é um dos sinais mais claros desse fenômeno já que vem caindo paulatinamente, o que é mostrado por medidas feitas de 1979 a 2010.

O aquecimento da superfície terrestre é determinado por uma barreira de gases que impede que o calor se dissipe de modo a resfriá-la. Tais gases formam uma capa que obstrui a dissipação do calor terrestre para o espaço. É o chamado efeito estufa, representado principalmente pelos gases metano e CO2, emitidos na atividade humana e produzidos especialmente na queima de combustíveis fósseis, no desmatamento e no uso de fertilizantes.

Esse efeito, em última análise, determina a criação de uma barreira gasosa que retem o calor atmosférico em níveis apropriados à manutenção dos ecossistemas. Ocorre que as emissões gasosas vem crescendo paulatinamente à medida que crescem a população humana e as combustões. Isso aumenta a barreira e retém mais calor.

O Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC – Intergo­vernmental Panel on Climate Change) alerta que para que a temperatura não suba mais 20º C até 2100 é necessária a redução das emissões para o nível próximo de zero nas próximas décadas. O CO2 representou, em 2004, 77% do total das emissões antropogênicas de gases de efeito estufa.

O CO2 é o principal gás envolvido no aumento do efeito estufa. Como o tempo de permanência do CO2 na atmosfera é de, no mínimo, 100 anos, as emissões de hoje se somam às do passado e do futuro. A concentração de CO2 subiu cerca de 36% entre 1750 e 2006. Cerca de 82% do CO2 é emitido pela queima de combustíveis fósseis e perto de 18% vem do desmatamento de florestas tropicais.

O metano (CH4) ou “gás dos pântanos”, é emitido em volume muito menor que o CO2, mas seu potencial de aquecimento (poder estufa) é 20 vezes maior. Ele é produzido por bactérias, nos pântanos, no estômago de rumi­nantes, como os bovinos, no vazamento de dutos de gás natural, na queima de biomassa vegetal. No plantio do arroz em áreas alagadas e na mineração de carvão vegetal.

As concentrações atmosféricas de óxido nitroso e de clorofluorcarbonos são bem menores, mas seu poder estufa é de 310 a 7.100 vezes maior que o do CO2. O vapor d’água é o gás de efeito estufa mais importante, mas não contri­bui para o aumento do efeito.

Quais as consequências do aquecimento global?

O aquecimento, acompanhado das alterações na composição atmosférica dele decorrente, afeta globalmente os mares levando à elevação de seu nível, mudanças nas correntes marinhas e alterações na composição química das águas por dessalinização, acidificação e desoxigenação. Há previsão, por isso, de relevantes alterações nos ecossistemas marinhos com impacto para os seres vivos, incluindo a espécie humana.

O significado do aquecimento também é motivo de polêmica. O argu­mento de que mesmo antes dos gases emitidos pelo Homem e do efeito estufa o clima da Terra já estava mudando tiraria ou reduziria nossa responsabilida­de. No entanto não existem dúvidas quanto ao aumento da produção de CO2, principalmente pelo uso dos combustíveis fósseis e pelas queimadas, e este reforça o efeito estufa.

O aquecimento global afeta também o regime de chuvas, determinando enchentes e secas, tendendo, além disso, a aumentar a frequência de eventos me­teorológicos extremos como ciclones tropicais, surtos de calor e de frio. É possível que isso leve à extinção de espécies, desestruture ecossistemas e como consequên­cia determine graves problemas na produção de alimentos, suprimentos de água e de transporte, que dependem da estabilidade do clima e da biodiversidade.

O aquecimento tem intensidade e ações diferentes nas diferentes regiões, não sendo fácil determinar porque isso acontece, porem nenhuma região do mundo é poupada de algum grau de mudança, sendo as maiores encontradas nas regiões mais pobres e com menores recursos para adaptação. A região ártica é a que aquece mais rapidamente levando ao derretimento de geleiras.

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