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As Canárias e o vulcão Cumbre Vieja

Uma erupção vulcânica, subterrânea e marítima, que deve ter ocorrido há 30 milhões de anos, fez surgir o arquipélago hoje de­nominado Canárias, a 108 km da costa africana do Marrocos. Suas ilhas permaneceram em formação por longo tempo, até que, 1.000 anos a.C. receberam seus primeiros habitantes, indígenas generica­mente denominados guanches. Há muita dúvida a respeito da origem destes povos. No período greco-romano, o arquipélago recebeu o seu nome, devido à grande quantidade de cães selvagens encontrados em seu território (canis é cão em latim, daí “canárias”).

Navegadores da época fizeram os primeiros contatos com as ilhas e os nativos, talvez atraídos pelo majestoso pico nevado do vulcão Teide, que, com seus 3.718 metros de altura é visível, em dias claros, desde a costa africana. Mas, foi somente a partir do século XIV que os portugueses começaram a visitar as ilhas com frequência, reivindicando sua posse e propriedade. Era um ponto privilegiado para a conquista do mar oceano, onde os navegantes que tentavam contornar a África poderiam descansar e se reabas­tecer. Espanha também reivindicava o território e foi somente em 1480, através do Tratado de Toledo, que Portugal reconheceu a soberania espanhola.

As ilhas principais, que receberam os nomes de El Hierro, Lagonera, La Palma, Tenerife, Fuenteventura, Gran Canária e Lanzerote abrigam florestas subtropicais e também desertos. A água é escassa, daí a grande quantidade de reservatórios de coleta de águas pluviais que se veem pelo território. Bananais enor­mes vestem as encostas das ilhas, todos protegidos por telas que impedem a entrada de predadores. Trigo, cevada, tabaco e tomate completam as plantações.

Hoje, a grande indústria é a do turismo, devido ao clima ameno o ano todo, atraindo principalmente habitantes europeus do norte, à procura do sol, nos meses de inverno. É comum a estes possuírem casa numa das ilhas, que tem também hotéis e pou­sadas de primeira categoria, bem como restaurantes e bares para todos os gostos.

Estive somente em Tenerife. O que mais chama a atenção do visitante é o contraste entre as praias quentes do litoral e o clima al­pino do vulcão Teide. Geralmente coberto por um anel de nuvens, que deixa à mostra somente seu cume, é difícil de acreditar nas recomendações dos moradores de que você deve levar um casaco pesado, para chegar até o cume do vulcão. Estradas que cortam florestas e que vão apresentando bruma, à medida que subimos, nos levam até uma paisagem lunar, onde a lava de várias erupções, endurecida pelo tempo, pinta paisagens nunca vistas. Ali não há vegetação, somente a porosa e negra matéria petrificada.

Praticamente 50% do território das Canárias é de parques na­cionais, onde a flora e a fauna nativas são preservadas. Seus nativos Pinheiros das Canárias e seus Jacarandás Mimosos ocupam vasta área, onde se destaca também o curioso Dragoneiro: dracena que cresce vigorosa e forma uma árvore e tem o seu nome derivado do grego drakaiano, pois verte uma seiva vermelha, a qual se dá o nome de Sangue do Diabo. Durante muitos anos, estimulou-se esta lenda para preservar a comercialização da seiva como exclusi­vidade das ilhas.

Há dez vulcões ativos no arquipélago, que entram em erupção eventualmente, como o CumbreVieja, na ilha de La Palma, desde 19 de setembro ameaçando a população. Com essa grande ativida­de, o governo monitora constantemente a movimentação vulcânica, o que permitiu a evacuação de moradores. Mas, a lava abundante destruiu casas e plantações. Chegou-se a falar que, quando as lavas atingissem as águas oceânicas, haveria o perigo de uma tsunami atingir a costa brasileira, o que foi desmentido e não aconteceu.

Vale a pena visitar as Canárias, um paraíso a poucos quilôme­tros da África e perto da Europa, para conhecer sua geografia, sua história e aproveitar suas praias.

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