Um levantamento realizado pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi (Iemb), da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, aponta que o pagamento das duas parcelas do décimo terceiro salário deve injetar R$ 652.574.613,58 líquidos na economia ribeirão-pretana.
O montante do abono salarial deste ano é 8,29% superior aos R$ 602.597.770,35 liberados em 2020, acréscimo de R$ 49.976.843,23 em 2021. O valor bruto, contando com os encargos trabalhistas, chega a R$ 733.229.902,89. Por meio de nota enviada ao Tribuna, a Acirp informa que o décimo terceiro de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já foi liberado, portanto não entra nesta conta.
Segundo o Instituto de Economia Maurílio Biagi, a primeira parcela – livre de descontos – deve injetar R$ 366.614.951,45 em Ribeirão Preto até 30 de novembro. Já a segunda, com os descontos previstos em lei, será de R$ 285.959.662,13 e terá de ser paga até 20 de dezembro. O valor é a soma das folhas de pagamentos dos cinco principais setores da economia ribeirão-pretana: comércio, serviços, indústria, construção civil e agropecuária.
Segundo a Acirp, o número de empregados formais do comércio aumentou 2,98%, de 61.296 em 2020 para 63.125 neste ano. O salário médio passou de R$ 2.495,16 para R$ 2.607.94, reajuste de 4,52%. Já o montante reservado ao 13º do setor saltou de R$ 152.943.327,36 para R$ 164.626.290,27, alta de 7,64%.
No setor de serviços, a quantidade de trabalhadores com carteira assinada saltou de 122.685 para 128.507, aumento de 4,75%. O salário médio subiu de R$ 3.360,88 para R$ 3.512,79, reajuste de 4,52%. Já o total do 13º passou de R$ 412.329.562,80 para R$ 451.418.332,76, avanço de 9,48%.
Na indústria, o número de empregados saltou de 23.019 para 24.411, aumento de 6,05%, e o salário médio avançou de R$ 3.002,47 para R$ 3.138,18, reajuste de 4,52%. Os empresários do setor industrial desembolsaram R$ 69.113.856,93 com o 13º em 2020, e neste ano o valor disparou para R$ 76.606.152,11, correção de 10,84%.
Na área da construção civil, a quantidade de pessoas empregadas passou de 12.281 para 13.980, aumento de 13,83%. O salário médio subiu de R$ 2.512,48 para R$ 2.626,04, correção de 4,52%. Já o montante referente ao 13º saltou de R$ 30.855.766,88 para R$ 36.712.096,46, alta de 19,98%.
Por fim, a agropecuária empregava 929 trabalhadores em 2020 e neste ano passou para 944, aumento de 1,61%. O vencimento mensal médio passou de R$ 3.919.28 para R$ 4.096,83, reajuste de 4,52%. O montante liberado para pagar o 13º avançou 6,21%, de R$ 3.641.011,12 para R$ 3.867.031,29.
Os empresários estão otimistas, principalmente dos segmentos de comércio, serviços de indústria, e apostam em aumento do consumo neste final de ano. Porém, muita gente vai usar o décimo terceiro salário para pagar dívidas. Segundo dados da Serasa Experian, em julho, 254 mil pessoas estavam inadimplentes em Ribeirão Preto.
Cada um desses ribeirão-pretanos devia, em média, R$ 4.626,17 em julho. Com base nestes números, a inadimplência em Ribeirão Preto no sétimo mês do ano era de R$ 1.179.673,35. Segundo o Mapa da Inadimplência do Serasa divulgado em agosto, o endividamento médio por brasileiro era de R$ 3.929.
A expectativa é boa para os comerciantes, que apostam nas datas de Black Friday e Natal para recuperar parte das receitas perdidas durante os meses de fechamento devido à pandemia de coronavírus. As restrições vigoraram até agosto. A aposta é na demanda represada de consumo que se estabeleceu durante a quarentena.
Brasil
O pagamento do décimo terceiro salário aos trabalhadores brasileiros injetou cerca de R$ 208 bilhões na economia ao fim do ano passado, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O montante é 5,4% menor que o total pago em 2019, já descontada a inflação do período. A queda foi a mais acentuada da série histórica do levantamento, iniciado em 2012.
Em 2019, o pagamento do décimo terceiro salário tinha totalizado R$ 216,2 bilhões. O valor médio pago em 2020 foi de R$ 2.192,71, um recuo de 6,6% ante os R$ 2.347,55 recebidos em 2019. Os Estados de São Paulo (R$ 61,5 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 22,3 bilhões), Minas Gerais (R$ 20,2 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 14,9 bilhões) concentraram mais da metade do décimo terceiro recebido pelos trabalhadores no ano passado.