Tribuna Ribeirão
Cultura

Um trapalhão bom de palco

FOTO: VIVIANE FRACARI E TATIANA COELHO

Nascido no picadeiro, íco­ne do humor brasileiro, com décadas de trajetória nas ar­tes da interpretação e na cena circense, o ator e humorista Dedé Santana resgata as ori­gens aos 85 anos com a peça “Palhaços”, escrita em 1974 pelo dramaturgo brasileiro Timochenko Wehbi (1943- 1986) e adaptada pelo dire­tor Alexandre Borges. Quem contracena com o ex-trapa­lhão é Fioravante Almeida.

O espetáculo desembarca em Ribeirão Preto nesta sex­ta-feira, 15 de outubro, e terá mais três sessões no Teatro do Sesi, neste sábado (16) e no próximo final semana, dias 22 e 23 (sexta e sábado), sempre às 20 horas. Dedé Santana e Fioravante Almeida já estive­ram na cidade em setembro de 2018 para duas apresenta­ções no Teatro Municipal.

“Palhaços” é uma tragico­média que revela as contra­dições e semelhanças entre o trabalhador comum e o artista. Nos bastidores de um circo, um jovem vendedor de sapatos confronta um palha­ço em fim de carreira. Care­ta tem sua rotina alterada ao se deparar em seu camarim com o espectador Benvindo. Os dois conversam sobre suas vidas, desestabilizando cren­ças e valores e se questionam sobre suas escolhas.

A peça é um convite à refle­xão sobre o real papel do artis­ta, o que faz com que o público ultrapasse o espaço da lona, do espaço cênico, para ver de per­to o verdadeiro palhaço. Entre revelações, desabafos e brin­cadeiras, os dois questionam a forma como levam a vida. Enquanto o comerciante Ben­vindo diz que precisa trabalhar e encarar uma “vida de respon­sabilidades”, Careta tenta mos­trá-lo o verdadeiro significado de ser artista.

Mostrar esse lado dramáti­co do palhaço foi o maior desa­fio de interpretação da carrei­ra, diz Dedé. Oitava geração de artistas circenses da família, ele ficou marcado no imaginário dos brasileiros pela atuação em “Os Trapalhões”, programa de humor da TV Globo que foi ao ar entre 1977 e 1995.

A nova fase de experi­mentação teatral vem desde 2014, quando Dedé encenou a peça “A última vida de um gato”, escrita pelo brasiliense Alexandre Ribondi e dirigida por Victor Peralta. No palco, ele interpretou um aposenta­do que planejava suicídio no Lago Paranoá. A vida dele confunde-se, em parte, com a do palhaço Careta. Filho de contorcionista e palhaço, Dedé carrega de herança oito gerações de artistas de circo.

A primeira aparição dele sob a lona colorida foi aos três meses, no colo da mãe, duran­te um show. Desde então, a arte da palhaçaria esteve pre­sente nos trabalhos do artista. Foi o programa humorístico “Os Trapalhões”, lançado na TV Globo em 1977, que con­sagrou Dedé como ator. Fo­ram 18 anos contracenando com Didi, Mussum e Zaca­rias. Em 2005, ele protagoni­zou “Dedé e o comando ma­luco”, que durou três anos.

Com o fim do programa, em 2008, o ator voltou para a emissora para integrar o elen­co de “A turma do Didi” e, en­tre 2010 e 2013, também par­ticipou de “Aventuras de Didi”. Neste intervalo, em 2011, Dedé inaugurou um circo na cidade de São Gonçalo, no Rio de Ja­neiro, que funciona até hoje. “Palhaços” é a quarta obra para teatro que Alexandre Borges assume como diretor.

A peça, idealizada pela Flo Entretenimento e Lady Ca­mis, é um convite para refle­xão sobre o verdadeiro papel do artista. O espetáculo inte­gra o programa Sesi Viagem Teatral. A entrada é gratuita Para garantir vaga é neces­sário fazer a reserva dos in­gressos de forma online, pela plataforma Meu Sesi (www. sesisp.org.br/meu-sesi).

O Teatro do Sesi Ribeirão Preto fica na rua João Ignac­chitti s/nº, no Jardim Castelo Branco, Zona Leste. O local tem capacidade para receber 365 pessoas, mas receberá no máximo 219 por causa dos protocolos de prevenção da co­vid-19 do Plano São Paulo, que em Ribeirão Preto permite até 60% do previsto em alvará. O espetáculo não é recomendado para menores de 10 anos.

O uso de máscara é obri­gatório. Os assentos devem ser marcados respeitando a distância segura entre pes­soas que não são da mesma família. O intervalo está sus­penso. Também está proibida a participação do público nos palcos e fotos com artistas. Os espaços devem ser higieniza­dos entre uma sessão e outra, segundo o Plano São Paulo.

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