Com base no preço da cesta básica de São Paulo (SP), de R$ 673,45, a mais cara observada pela pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em setembro o salário mínimo necessário para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele seria de R$ 5.657,66, valor que corresponde a 5,14 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00.
Em agosto deveria ser de R$ 5.583,90, que corresponde a mais de cinco vezes (5,07) o valor atual. Em julho seria de R$ 5.518,79, ou 5,02 vezes o piso salarial nacional. O valor estimado pelo Dieese bancaria as despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Em setembro de 2020, o mínimo ideal seria de R$ 4.892,75, mais de quatro vezes (4,68) o mínimo oficial da época (de R$ 1.045).
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em agosto, ficou em 115 horas e dois minutos, maior do que em agosto, quando foi de 113 horas e 49 minutos – em julho era de 113 horas e 19 minutos. Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em julho, 56,53% do piso para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.
Em agosto, o percentual foi de 55,93% e, em julho, de 55,68%. O salário mínimo piso saltou de R$ 1.045 para R$ 1.100 este ano. O reajuste foi de 5,26%, sem reposição integral das perdas inflacionárias. Terá impacto de R$ 17,3 bilhões nas contas públicas, já que o piso é referência para benefícios da Previdência Social. Cada R$ 1 de aumento no salário mínimo tem um impacto de aproximadamente R$ 351,1 milhões nas despesas do governo.
O governo prevê o salário mínimo em R$ 1.169 no próximo ano, de acordo com o Projeto da Lei Orçamentária (PLOA) de 2022, divulgado em 31 de agosto. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada ao Congresso em abril, a estimativa para o mínimo do próximo ano era de R$ 1.147. São R$ 22 a mais, diferença de 1,9%.
A correção do salário mínimo prevista no PLOA 2022 considera apenas a inflação projetada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2021, indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, mais uma vez os trabalhadores, aposentados e pensionistas que recebem o mínimo não terão ganho real nos salários. A estimativa da equipe econômica para alta da massa salarial nominal é de 8,94% em 2022.