O clima, a bordo, era pesado. Tédio, doenças, comida escassa, incertezas e temor aumentavam a angústia dos 90 marinheiros das duas caravelas, Pinta e Nina e da nau Santa Maria que, há 61 dias, haviam saído do porto de Palos, na Espanha, à procura de um novo caminho marítimo para as Índias. Havia uma agitação de pré-revolta, uma demanda de retorno, quando o grito forte do marinheiro do alto da gávea da Pinta – “Terra à vista” –, às duas horas da madrugada do dia 12 de outubro de 1492 , fez renascer a esperança de todos, que, acordando, se postaram no convés para ver a pequena mancha de terra aumentar no horizonte.
Baixado o escaler, coube ao Almirante Cristóvão Colombo, a primazia de primeiro colocar os pés na nova terra. Achavam todos que haviam chegado às Índias, quando estavam descobrindo um continente, um Novo Mundo. Eram patrocinados pelos Reis Católicos da Espanha, que haviam sido convencidos por Colombo da possibilidade se chegar à terra das especiarias, sem contornar a África, como haviam feito os portugueses.
Cristóvão Colombo nasceu na cidade italiana de Gênova e desde cedo se encantou com as navegações. Estudioso, convencera-se de que a Terra era redonda e, portanto, poderia atingir as Índias navegando para o ocidente, no Grande Mar Oceano. Seus planos não mereceram o interesse de Portugal, adiantado que estava na rota pelo oriente. Foi preciso muita paciência e insistência para que os soberanos espanhóis concordassem com a aventura, ocupados que estavam em expulsar os muçulmanos da Península ibérica.
Assim, em 13 de agosto de 1492, abriu as velas da pequena esquadra e lançou-se ao desconhecido, para se tornar o descobridor de um continente. Aportaram nas Bahamas e puderam ver a vegetação caribenha e os nativos da região. Estenderam a viagem até a ilha de Juana (hoje Cuba) e Hispaniola (hoje Santo Domingo). Colombo retornou à Espanha certo de que havia chegado à ponta da Ásia. Nos doze anos seguintes, efetuou mais quatro viagens à nova terra, explorando as ilhas caribenhas e chegando até a foz do rio Orinoco. Morreu na Espanha, desacreditado e pobre, certo de que havia chegado às Índias.
Américo Vespúcio nasceu em Florença, em 1454, e era estudioso, pesquisador, navegante, financista e cartógrafo. Conheceu Colombo, ajudou-o a preparar a sua segunda viagem e navegou ele mesmo para as novas terras, em 1499. Mudou-se para Portugal e, sob financiamento do Rei daquele país, navegou para o Ocidente, em 1501 e 1503. Foi ele quem percebeu que as novas terras não eram as Índias, mas um novo continente, tendo navegado para o sul, passando pela Baía da Guanabara e chegado à foz do rio da Prata. De suas viagens, elaborou várias cartas, recebidas com entusiasmo pela população europeia. Tornou-se assim conhecido.
Em 1507, o alemão Martin Waldseemüller, publica um livro sobre cartografia e na introdução ao mesmo, estampa o relato “QuatuorAmericiVesputiiNavegationes”,(Quatro Navegações de Américo Vespúcio) onde o nome América aparece pela primeira vez, repetindo-o no mapa mundi que ele elaborara, para denominar a América do Sul. Novas obras e novos mapas mantêm a denominação, que segue até hoje. América vem de Americus, o nome em latim de Vespúcio.
Como as outras terras – Europa, Ásia, África – são femininas, usou-se então América.
Por justiça, nosso continente deveria se chamar Colúmbia, em homenagem ao nosso descobridor, mas como Américo Vespúcio (Amerigo Vespucii, em italiano) propagou seus feitos e deu publicidade às suas viagens, acabou levando a honra.
As Américas homenagearam o navegador, dando o nome de Colômbia ao país localizado no noroeste da América do Sul, hoje a segunda população do território, e de District of Columbia, ao distrito federal dos Estados Unidos, onde se situa a capital, Washington. Uma das mais prestigiadas universidades americanas leva seu nome: Columbia University, bem como um dos ônibus espaciais que foi pioneiro na conquista do espaço.