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Título de Damares Alves vira ‘novela’

MARCELO CAMARGO/AG.BR.

A ministra da Mulher, Fa­mília e dos Direitos Humanos, Damares Alves (PP), ainda não tem data para virar cidadã ribeirão-pretana. O projeto de decreto legislativo apresentado pela vereadora Gláucia Bereni­ce (DEM) não entrou na pauta de votação da Câmara de Ri­beirão Preto desta terça-feira, 5 de outubro.

Esta é a segunda vez que a votação é adiada. O proje­to de concessão da honraria era para ter sido votado na última quinta-feira, 30 de se­tembro, mas foi adiado por uma sessão a pedido da au­tora. Porém, não foi levado ao plenário mais uma vez. A parlamentar não justificou o pedido de adiamento feito antes do início da sessão.

Regra geral, esse tipo de pedido é comunicado aos ve­readores no plenário, na hora da votação da proposta, Ape­sar de a parlamentar não ter justificado a retirada, o Tri­buna apurou que há pressão nas redes sociais por parte de pessoas contrárias à con­cessão do título. Várias esti­veram na Câmara na semana passada para se posicionar contra a honraria.

Na ocasião, manifestan­tes liderados por coletivos de mulheres foram ao plenário se manifestar contra o projeto. Nas redes sociais, elas também afirmam que a ministra Da­mares Alves não as representa e que nunca fez nada a favor de Ribeirão Preto. Portanto, não merece a honraria. Se a pro­posta for levada a votação nas próximas sessões, precisará de maioria qualificada, ou seja, 15 votos favoráveis (dois terços dos 22 possíveis).

Considerada uma pessoa conservadora, Damares Al­ves já protagonizou polêmicas como ministra. Em 2019, após a posse de Jair Bolsonaro como presidente da República, publi­cou um vídeo nas redes sociais em que comemorava a “nova era”. Nas imagens, ela afirma que “menino veste azul, e me­nina veste rosa”. Com a re­percussão negativa do vídeo, afirmou que seu objetivo foi, de fato, fazer uma declaração contra a “ideologia de gêne­ro”, referindo-se à sexualida­de das crianças.

A ministra também já apareceu em vídeo dizendo que a igreja evangélica “per­deu espaço” na ciência quan­do “deixou” a “Teoria da Evo­lução” entrar nas escolas sem questioná-la. Em uma prega­ção de 2013, Damares Alves já havia dito que é favorável ao ensino religioso nas es­colas. No vídeo que circulou no início de 2019, ela é entre­vistada pela pastora Cynthia Ferreira, então coordenadora do Portal Fé em Jesus.

Nesta terça-feira, Damares Alves fez uma cobrança públi­ca ao ministro da Economia, Paulo Guedes, por mais recur­sos em sua pasta. “Este minis­tério está trabalhando muito. Fizemos muita coisa? Fizemos. Esse ministério está fazendo barulho? Está. Esse ministério tem orçamento? Não. Cadê Paulo Guedes? Não tem di­nheiro”, declarou a ministra a uma plateia de pastores evan­gélicos durante o Simpósio Ci­dadania Cristã.

O presidente Jair Bolsonaro assistia ao discurso. Em segui­da, a ministra tentou atenuar a fala e disse que “amava demais” o colega de Esplanada. “So­mos um ministério que esta­mos começando, precisamos mostrar a que viemos e for­talecer as políticas públicas, para que esse ministério tenha continuidade”, acres­centou Damares Alves.

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