O mês de outubro é por excelência, repleto de celebrações votivas e um convite aos cristãos, a profundas orações: é o mês missionário, convidando-nos a rever nossa vocação eclesial como essencialmente missionária e ministerial. É o mês do rosário, já que dia 7 celebramos a memória de Nossa Senhora do Rosário. É o mês dedicado à Mãe, Rainha e Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, bem no dia 12, também dedicado à Criança. É o mês de Santa Teresa D’Ávila, Protetora dos Professores, cuja memória celebramos dia 15.
É o mês dedicado à Juventude e neste ano, à abertura do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, dia 10 em Roma pelo Papa Francisco, nas Dioceses do mundo inteiro, como em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto por nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, na manhã do dia 17 e no mesmo dia nas celebrações vespertinas em todas as nossas Comunidades Paroquiais.
Uma das práticas religiosas que marcou minha infância foi a recitação diária do terço em família. Todas as noites em Novo Hamburgo (RS), em torno da mesa de jantar, meus irmãos, eu, nossa mãe e avó paterna, ligávamos o rádio sintonizando-o na Rádio Independência da cidade São Leopoldo (RS), para acompanharmos a recitação do terço dirigida pelo Padre Santini, um Padre Jesuíta, que de joelhos diante do túmulo do Padre João Batista Reus, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, curado pelos Padres Jesuítas do Colégio Cristo Rei, transmitia ao vivo pela Rádio e era ouvido em todo o Vale do Rio dos Sinos.
Padre Reus, embora não tenha sido canonizado, é venerado por milhares de graças alcançadas por seus devotos. Entre 20h e 20h30min tudo parava para juntos rezarmos. Em cada quarto da casa sobre as camas, havia dependurado um quadro com uma estampa emoldurada da Sagrada Família e em torno dessa, um grande rosário. Na estampa lia-se a frase: “A Família que reza unida permanece unida”!
Até meus 13 anos de idade não faltamos nenhuma noite, sentadinhos em torno da mesa de jantar, para atentos acompanharmos a recitação do terço com o Padre Santini. Depois disso, em agosto de 1970, chegou à nossa casa a primeira televisão. Aos poucos essa, a televisão, juntamente com a necessidade de estudarmos à noite, trabalhando de dia, perdeu-se essa linda prática de união. Cada membro de nossa família passou a recitar o terço, de acordo com suas possibilidades.
Os tempos mudaram e com raríssimas exceções, ainda conhecemos famílias que encontram, pelo menos, meia hora por dia, para rezarem juntas. Infelizmente as famílias foram colocadas de bruços por uma cruel cultura de sobrevivência. Uma corrida desenfreada para buscar os recursos necessários e colocar alimentos sobre a mesa, além do mergulho num consumismo e hedonismo, que afoga as pessoas em si mesmas.
Quando olhamos nossas assembleias orantes nas celebrações dominicais, vemos senhoras desacompanhadas de seus maridos, casais sem a presença dos filhos, isolamentos que demonstram famílias convivendo menos hoje do que ontem, ou sobrevivendo sob um mesmo teto, como se vive numa pensão melhorada. A Igreja que é mãe e mestra não tem medido esforços para novamente promover a unidade de seus filhos, as famílias por inteiro e não de indivíduos isolados. Porque ainda hoje acredita firmemente que a família que reza unida permanece unida.