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MPF vai investigar Michelle Bolsonaro

Foto: Rovena Rosa/ Arquivo/Agência Brasil

André Borges
Agência Estado

A Procuradoria da Re­pública do Distrito Federal decidiu investigar a suposta atuação de Michelle Bolsona­ro para favorecer empresas de amigos com empréstimos da Caixa Econômica Federal. A revista Crusoé informou nes­ta sexta-feira, 1º de outubro, que a primeira-dama atuou diretamente junto à presi­dência do banco para bene­ficiar negócios de pessoas próximas a ela, por meio de linhas de crédito oferecidas pela instituição financeira.

O líder da Minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PS­B-RJ), acionou o Ministério Público Federal (MPF). A reportagem não obteve retor­no do Palácio do Planalto até o fechamento desta edição. Segundo a reportagem, do gabinete da primeira-dama da República saíram pedidos para que a Caixa Econômica Federal atendesse a um gru­po de empresas interessadas, todas elas ligadas a um cír­culo de pessoas próximas da família presidencial.

Michelle Bolsonaro chegou a registrar as demandas por e-mail e tratou do assunto em uma conversa com o presiden­te do banco, Pedro Guimarães, gestos que confrontam dire­tamente princípios básicos da administração pública, como o da impessoalidade.

A partir da indicação de Michele, pedidos furaram a fila dos interessados nos emprésti­mos do banco e passaram a ter um tratamento diferenciado, o que acabou sendo detecta­do pelos sistemas de controle da própria Caixa, que abriu uma apuração interna para investigar o caso.

Conforme revela a Cru­soé, a maioria das operações de empréstimo ocorreu em uma agência de Taguatinga, cidade vizinha a Brasília, após a equipe de Pedro Gui­marães encaminhar as de­mandas da primeira-dama. Praticamente todos os pe­didos, segundo documen­tos da própria Caixa, foram atendidos logo em seguida.

As mensagens do gabinete da primeira-dama não aponta­vam especificamente em qual operação de crédito os em­presários estavam interessa­dos, mas todos os integrantes da lista foram atendidos pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que tinha acabado de ser lan­çado pelo governo.

A lista de empresários atendidos inclui, por exem­plo, a dona de uma rede de confeitarias em Brasília, Ma­ria Amélia Campos, que cos­tuma entregar seus doces no Palácio do Planalto. Houve ainda tratamento especial para o florista que atende Michelle e um “promoter” conhecido por organizar re­cepções e eventos.

Segundo a revista, a lista vip foi descoberta durante um procedimento de auditoria. Ao analisar processos de conces­são de empréstimo, uma equi­pe da Caixa identificou que algumas empresas tinham sido indicadas pela sigla PEP, acrônimo para “pessoa ex­posta politicamente”.

Ao checar sobre quem se tra­tava, a equipe chegou ao nome de Michelle Bolsonaro. Algumas das solicitações, segundo a re­portagem, partiram do gabine­te da primeira-dama já acom­panhadas dos documentos necessários para a liberação.

Não foram encontrados in­dícios de que os valores libera­dos extrapolaram os limites ou que as empresas beneficiadas não poderiam ser atendidas, mas o trâmite dos processos contrariou as regras e o fluxo de etapas que costumam ser obedecidas quando feitas por solicitantes comuns.

O empresário Rodrigo Resende, dono de uma tradi­cional floricultura de Brasília, admitiu ter a primeira-dama como cliente, mas negou que tenha obtido o financiamento graças a ela. A Caixa declarou que “a concessão de crédito em todas as suas linhas passa por rigoroso processo de gover­nança, compliance e análise de riscos independente”.

No caso do Programa Na­cional de Apoio às Microem­presas e Empresas de Peque­no Porte, o banco declarou à revista que, anteriormente à análise de crédito dos bancos operadores do programa, há uma avaliação de enquadra­mento por parte da Receita Federal, que notifica as em­presas validadas.

“Apenas as empresas indi­cadas e munidas de aprova­ção pela Receita Federal pas­sam pelo rito de governança da Caixa quando da solicita­ção do crédito, o que inclui análise por sistema de riscos, em um processo totalmente automatizado e sem intera­ção humana”, diz.

“Ao todo, foram concedidos mais de 22 bilhões de reais pelo Pronampe a mais de 240 mil mi­cro e pequenas empresas. Ade­mais, na condição de banco pú­blico, a Caixa recebe, por meio de sua área de Relacionamento Institucional, solicitações como dúvidas e consultas acerca de seus produtos e serviços, que são encaminhadas para avaliação técnica e impessoal pelas áreas negociais e posterior retorno diretamente aos clientes”.

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