A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 28 de setembro, indica que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indexador oficial de preços no Brasil – de 2021 no cenário básico está em 8,5%. Este quadro pressupõe a taxa de juros variando conforme a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,25 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Para 2022, a projeção está em 3,7% e, para 2023, em 3,2%.
Essas estimativas já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom aumentou a Selic (a taxa básica de juros) em 1,00 ponto percentual, para 6,25% ao ano. Foi a quinta elevação consecutiva. Na ocasião, o BC também indicou a intenção de novo aumento da Selic no encontro de outubro. Para o cálculo das projeções, o BC utilizou taxa de câmbio partindo de R$ 5,25, que é a média da taxa de câmbio observada nos cinco dias úteis encerrados no dia 10.
Em setembro do ano passado, durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o BC havia anunciado que pretendia dar preferência ao câmbio PPC em suas projeções, e não mais ao câmbio fixo ou baseado no Focus. Na ata da reunião anterior, de 3 e 4 de agosto, as projeções de inflação no cenário básico (juros Focus e câmbio PPC) eram de 6,5% para 2021, 3,5% para 2022 e 3,2% para 2023.
O Copom voltou a enfatizar, por meio da ata de seu último encontro, que a inflação ao consumidor segue elevada. “Persistem as pressões sobre componentes voláteis como alimentos, combustíveis e, especialmente, energia elétrica, que refletem fatores como câmbio, preços de commodities e condições climáticas desfavoráveis”, alerta o Copom.
Selic
O Comitê de Política Monetária reafirma a intenção de promover novo aumento da Selic (a taxa básica de juros) em setembro. Após a elevação de 1,00 ponto percentual na semana passada, para 6,25% ao ano, o BC diz na ata que, para a próxima reunião, “antevê outro ajuste da mesma magnitude”. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária deixa a porta aberta para um aumento até maior.
“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.”, diz a instituição na ata.
PIB
O Copom destaca na ata da reunião de setembro que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – do segundo trimestre foi “ligeiramente melhor do que o esperado” e que as divulgações seguintes de atividade de alta frequência continuaram evoluindo favoravelmente, ainda que marginalmente mais negativas.
“Parte dessas revisões decorre de uma antecipação do crescimento esperado para alguns dos setores mais atingidos pela pandemia; outra parte deriva da menor produção industrial decorrente da manutenção de dificuldades nas cadeias de suprimentos”, diz o Banco Central na ata divulgada nesta terça-feira. O comitê afirma que mantém uma visão de retomada robusta da atividade no segundo semestre, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.