Tribuna Ribeirão
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Caso Luana vira homicídio simples

ALFREDO RISK/ARQUIVO

Uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) deve mudar os rumos do júri popular de três policiais mili­tares acusados de espancar e matar Luana Barbosa dos Reis, em 8 de abril de 2016, aos 34 anos, em Ribeirão Preto.

Em decisão anunciada nes­ta terça-feira, 28 de setembro, os desembargadores da Cor­te Paulista mantiveram o júri popular dos policiais André Donizete Camilo, Douglas Luiz de Paula e Fábio Donizete Pultz, mas retiraram as qualifi­cadoras. O caso passar a ser de homicídio simples.

Como conseqüência, as pe­nas serão menores. Antes, quan­do o caso ainda era de homicídio triplamente qualificado – moti­vo torpe, emprego de meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima –, seriam de doze a 30 anos de prisão. Ago­ra, devem variar de seis a 20 anos em caso de condenação.

Os advogados de defesa do trio entraram com recurso junto ao Tribunal de Justiça contra a decisão de primeira instância que determinou o júri popular. Os réus respon­dem ao processo em liberda­de, e deverão ser mantidos soltos até o julgamento, que ainda não tem data marcada.

Enquanto os advogados dos policiais militares dizem que pretendem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na tentativa de impedir o júri popular, a defesa da fa­mília de Luana Barbosa estuda a possibilidade de entrar com recurso para manter as qualifi­cadoras do crime.

Um relatório publicado em 28 de junho, pela Orga­nização das Nações Unidas (ONU) pede uma ação trans­formadora imediata para er­radicar o racismo sistêmico e institucionalizado. Neste do­cumento, são citados como exemplos sete casos que ocor­reram ao redor do mundo e, entre eles, está o de Lua­na Barbosa dos Reis Santos.

O caso ganhou repercussão depois que a ONU Mulheres e o Alto Comissariado da Or­ganização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Hu­manos (ACNUDH) cobraram das autoridades brasileiras cla­reza na apuração dos fatos.

Na época, as entidades in­ternacionais afirmaram que a morte de Luana Barbosa “é um caso emblemático da prevalência e gravidade da violência racista, de gênero e lesbofóbica no Brasil.” Ela era homossexual e trabalhava como mototaxista.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denun­ciou os três policiais militares.
Douglas Luiz de Paula (apo­sentado), André Donizete Ca­milo e Fabio Donizeti Pultz es­tão afastados das ruas e atuam em setores administrativos da Polícia Militar. O trio nega ter espancado Luana Barbosa.

São acusados de terem es­pancado a mulher antes dela morrer, mas, em depoimento, negaram as agressões. A de­fesa dos policiais militares, no entanto, quer que a tipificação do crime seja lesão corporal seguida de morte. Nesse caso, a sentença é dada pelo juiz.

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