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Taleban viola direitos das mulheres afegãs

AHMAD MASOOD/REUTERS

Os talebans estão cometen­do graves violações dos direitos humanos contra as mulheres e jovens em Herat, no oeste do Afeganistão, denunciaram nesta quinta-feira, 23 de setembro, a Human Rights Watch (HRW) e a Universidade Estadual de San José (SJSU, a sigla em inglês).

Segundo a HRW e o Insti­tuto de Direitos Humanos da SJSU, desde que assumiram o controle da cidade, em 12 de agosto de 2021, os talebans em Herat negam às mulheres a li­berdade de movimento fora de suas casas, impõe códigos de vestuário obrigatórios, restrin­gem severamente o acesso ao emprego e à educação, além do direito à reunião pacífica.

As mulheres de Herat disse­ram às duas organizações que as suas vidas foram completamen­te destruídas no dia em que os talebans assumiram o controle da cidade. Essas mulheres traba­lhavam fora de casa ou eram es­tudantes, desempenhavam fun­ções ativas e frequentemente de liderança em suas comunidades.

Elas afirmaram que estão enfrentando problemas econô­micos devido à perda de rendi­mento e à incapacidade de tra­balhar. As mulheres em Herat foram as primeiras a organizar protestos em defesa dos seus direitos, depois de os talebans assumirem o controle de Cabul e de grande parte do país.

Poucos dias após a toma­da de Herat pelos talebans, um grupo de mulheres pediu para se reunir com os líderes locais a fim de discutirem seus direitos e, vários dias depois, puderam encontrar-se com um represen­tante do grupo islâmico.

No entanto, o representante do novo governo foi inflexível e disse às mulheres para parassem de insistir na questão dos direi­tos e que, se apoiassem o grupo no poder, seriam recompensa­das com anistia total pelas ativi­dades anteriores, talvez até con­seguissem cargos no governo.

Após as manifestações em Herat, os talebans proibiram protestos que não tinham aprovação prévia do Ministé­rio da Justiça em Cabul. Deter­minaram que os organizadores incluíssem informações sobre o propósito de quaisquer pro­testos e as frases a serem usa­das em quaisquer solicitações ao ministério.

As mulheres entrevistadas pela HRW e pela SJSU mani­festaram preocupação especial com o fato de os talebans im­porem novamente a política de exigir que tenham como com­panhia um mahram [familiar masculino] sempre que saírem de casa, como os talibãs fizeram quando estiveram no poder an­teriormente, entre 1996 e 2001.

Essa exigência afastou as mulheres da vida pública, iso­lou-as da educação, do emprego e da vida social, e dificultou a obtenção de cuidados de saúde, tornando-as completamente dependentes de membros da família do sexo masculino e im­pedindo-as de escapar caso so­fressem abusos em casa.

Zabiullah Mujahid, porta­-voz dos talebans, disse, em en­trevista em Cabul no último dia 7, que estar acompanhado por um mahram só seria necessá­rio para viagens de mais de três dias, não para atividades diá­rias, como ir ao trabalho, escola, compras, consultas médicas e outras necessidades. No entanto, as autoridades talibãs em Herat não têm sido consistentes na execução dessa política.

A Human Rights Watch e o Instituto de Direitos Humanos SJSU fizeram entrevistas deta­lhadas por telefone com sete mulheres em Herat, incluindo ativistas, educadoras e estudan­tes universitárias sobre as suas experiências desde que os talibãs assumiram o controle da cidade.
Todas elas falaram sob condição de anonimato, temendo pela sua segurança. Os talebans voltaram ao poder em praticamente todo o Afeganistão em agosto, quan­do tomaram a capital, Cabul.

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