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O secretário e o retorno das aulas presenciais

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Nesta segunda-feira, 20 de se­tembro, os cerca de 47 mil estudan­tes das 132 escolas municipais de Ribeirão Preto recomeçam as aulas presenciais depois de dezoito meses distantes. As aulas presenciais esta­vam suspensas por decisão do juiz João Baptista Cilli Filho, da 4ª Vara do Trabalho de Ribeirão Preto, em ação impetrada pelo Sindicato dos Servidores Municipais.

A entidade conseguiu, em março do ano passado, condicionar o retor­no à vacinação de todos os servidores que atuam nas escolas municipais. São cinco mil no total. Além disso, a Justiça também exigiu a apresentação de laudos de segurança sanitária das unidades escolares elaborados por três médicos infectologistas.

O retorno será possível porque o município atendeu a todas as deter­minações estabelecidas. Em entrevis­ta ao Tribuna, o secretário municipal da Educação, Felipe Elias Miguel falou sobre o retorno e as ações im­plementadas nas escolas em época de pandemia do coronavírus.

Tribuna Ribeirão – Como o se­nhor analisa esse retorno depois de dezoito meses dos estudantes fora das salas de aula?
Felipe Elias Miguel – O retorno das aulas presenciais é extremamen­te importante e inadiável. Os prejuí­zos de um ano e meio fora da escola são enormes, além da necessidade de restabelecer o vínculo dos alu­nos com a escola e seus professores, o efeito negativo na aprendizagem dos nossos alunos é muito grande, tere­mos um enorme trabalho pela frente, primeiro na busca ativa desses estu­dantes, depois na recuperação das defasagens na aprendizagem. Feliz­mente o primeiro passo foi dado, a permissão da entrada de nossos alu­nos novamente nas escolas.

Tribuna Ribeirão – Como a se­cretaria se preparou para esse reco­meço sob o aspecto organizacional das escolas?
Felipe Elias Miguel – A Secretaria Municipal da Educação está se pre­parando e planejando para o retorno presencial desde o ano passado. Nos­sa equipe técnica pedagógica desen­volveu o Plano de Retomada Segura das aulas presenciais na Rede Muni­cipal de Ribeirão Preto, dessa forma, retornamos com a certeza de que nos­sos alunos terão o acolhimento, o am­paro e a segurança necessária. Todas as unidades escolares já receberam os EPIs necessários: máscaras para alunos, professores e funcionários, face shields, aventais, termômetros infravermelhos, fita zebrada, água sa­nitária, álcool líquido e álcool em gel. Além disso, todas as escolas realiza­ram as adequações necessárias para o retorno, após a vistoria dos médicos infectologistas contratados pela pasta.

Tribuna Ribeirão – O que será feito para minimizar os efeitos psi­cológicos da descontinuidade do convívio dos alunos com os outros estudantes, causada pela pandemia?
Felipe Elias Miguel – O retorno às atividades presenciais demanda um processo de readaptação à rotina escolar e pedagógica, e é por isso que o acolhimento será fundamental e a base destas primeiras semanas, tanto de professores e funcionários quanto dos estudantes. Teremos o processo de acolhimento às famílias e aos estu­dantes, juntamente com orientações quanto às novas regras de convivência e protocolos a serem cumpridos.
Para esse acolhimento, diretores e vice-diretores e professores estão pas­sando pela formação “Volta ao Novo – Programa de Desenvolvimento de Competências Soecioemocionais”, rea­lizada em parceria com o Instituto Ayr­ton Senna e a Undime, iniciativa que considera os possíveis efeitos do isola­mento social para o bem-estar dos edu­cadores e estudantes e tem o objetivo de leva-los a desenvolver competências so­cioemocionais, com a finalidade de que consigam lidar melhor com as mudan­ças de rotina, inseguranças e ansiedade naturais neste cenário atual.

Tribuna Ribeirão – Como a Edu­cação municipal pretende recuperar o conteúdo programático alterado e, em parte não concretizado, por conta da suspensão das aulas pre­senciais?
Felipe Elias Miguel – A Secretaria Municipal da Educação entende que necessitará de ações de curto, médio e longo prazo para recuperar as per­das e prejuízos na aprendizagem de crianças, adolescentes, jovens e adul­tos, que se encontram matriculados na rede municipal. Este primeiro momento será de acolhimento, uma recuperação do que foi aprendido na forma on-line e, no mês de outu­bro, os alunos passarão por avaliação diagnóstica, a fim de identificar as principais dificuldades apresentadas. Como ação em médio prazo, será im­plementado, a partir do ano de 2022, o aumento da carga horária, com o acréscimo de uma aula a mais na grade curricular dos alunos dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamen­tal, o que possibilitará intensificar o trabalho de intervenção dos docentes.

Tribuna Ribeirão – Especialistas afirmam que a pandemia resultará reflexo negativo na educação dos es­tudantes brasileiros. Como reverter isso?
Felipe Elias Miguel – De fato, longe das salas de aula, um impacto negativo será visto na aprendizagem dos alunos, com a perda de conheci­mentos e de habilidades já adquiridas, especialmente naqueles que já apre­sentavam dificuldades escolares antes da pandemia. Desse modo, além das medidas já citadas, a pasta planeja estratégias para compensar o retro­cesso na aprendizagem, avaliação das necessidades de cada aluno, busca ati­va dos alunos que não retornarem às atividades, e a valorização de vínculos afetivos, por meio da abordagem de termas como luto, ansiedade, resiliên­cia e tolerância.

Tribuna Ribeirão – Quais são os principais desafios da educação mu­nicipal nesse retorno das aulas pre­senciais?
Felipe Elias Miguel – O grande de­safio é a recuperação das defasagens geradas pelo ensino online. O esforço das escolas e dos professores foi enor­me, mas sabemos que há alunos que não aprendem no mesmo ritmo das atividades presenciais, assim, neste primeiro momento, o principal ponto será identificar as defasagens, para en­tão planejar as ações de recuperação.

Tribuna Ribeirão – Há como men­surar se a pandemia causou evasão es­colar nas escolas municipais?
Felipe Elias Miguel – Sim. Nós já sabemos que a pandemia causou a evasão escolar, por isso, uma das prio­ridades da pasta é a busca ativa dos nossos educandos.

Tribuna Ribeirão – O ensino re­moto deverá continuar, ou seja, ser in­corporado na rede após a pandemia?
Felipe Elias Miguel – Neste pri­meiro momento o ensino remoto continua, visto que o retorno presen­cial não é obrigatório. Iremos avaliar juntamente com a equipe pedagógica como e se o ensino online fará parte da nossa estrutura escolar.

Um ‘quadro’ do retorno presencial

Total de alunos em sala de aula
Os alunos do ensino fundamental serão divididos em dois grupos (A e B, em atendimento presencial com até 50% da capacidade) e os da educação infantil retornarão, excepcionalmente, com 50% da turma, em horário reduzido. A organização da escala de frequência dos grupos será realizada por cada unidade escolar, em ordem alfabética, levando em consideração estudantes de mesmo convívio social e a organização de transporte fretado.
A identificação de cada aluno será rea­lizada por crachás, que diferenciarão as turmas de acordo com a letra corres­pondente ao respectivo dia de atividade presencial. Esses crachás serão entre­gues antecipadamente às famílias.

Ensino exclusivamente remoto

Salas de aulas foram reorganizadas

Os educandos com comorbidades po­derão ser atendidos integralmente por meios remotos, assim como os alunos cujas famílias optarem pelo atendi­mento exclusivamente remoto. Esses estudantes deverão retirar roteiros de estudo ou outros materiais definidos pela escola semanalmente, realizando a entrega das atividades propostas sempre no momento da retirada das novas atividades. Para isso, os respon­sáveis dos estudantes que optarem pela continuidade do estudo exclusivamente remoto, deverá comparecer à unidade escolar para assinatura de Termo de Opção.

Alimentação
A alimentação escolar retornará, exclu­sivamente, nas unidades escolares.

Transporte Escolar
O transporte escolar fretado pela Secre­taria trabalhará com a capacidade de 50% somente.

Protocolos Sanitários
Preservação do distanciamento social, utilização de Equipamentos de Prote­ção Individual (EPEIs), sanitização de ambientes e materiais, monitoramento e local reservado para isolamento de casos suspeitos.

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