Criado em 2007 por meio de uma parceria entre a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) e a Polícia Militar, o sistema de monitoramento por câmeras da região central da cidade, denominado “Olhos de Águia” está desativado desde 2018. Ele dará lugar a um novo programa anunciado pela Prefeitura o “Guardiões da Cidade”. A justificativa para a implantação do novo sistema é de que as câmeras do antigo programa ficaram ultrapassadas tecnologicamente.
No lugar das câmeras dos “Olhos de Águia”, segundo o governo municipal, serão instaladas modernas câmeras tanto na região central, em avenidas e em todas as entradas da cidade, resultado do novo programa municipal de monitoramento e ao convênio Detecta firmado entre o município e o Governo do Estado de São Paulo.
A parceria foi apresentada pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB), no dia 6 de setembro de 2018. Já o programa Guardiões da Cidade foi lançado em dia 22 de julho de 2020 com investimento previsto de R$ 1,5 milhão.
O Detecta, possibilitará que os veículos sejam monitorados por meio de suas placas sendo possível a identificação de todos os dados deles, inclusive descobrir se são roubados. Os novos equipamentos também terão tecnologia para identificar pessoas, auxiliando o trabalho policial em atividades operacionais e investigativas. Isso porque ele permitirá acessar os bancos de dados de diferentes instituições, correlacionando informações e imagens, sejam de pessoas ou veículos.
Insegurança
Entretanto, desde o anúncio dos dois programas, eles não começaram a funcionar e o monitoramento de várias vias públicas por câmeras foi suspenso causando insegurança aos comerciantes, principalmente nos locais onde o “Olhos de Água” funcionava.
Vários empresários da região central de Ribeirão Preto entrevistados pelo Tribuna afirmaram que estão inseguros e que esperam que o monitoramento recomece o mais rápido possível. Eles preferiram não se identificar para evitar tornar pública a falta do monitoramento próximo a seus estabelecimentos comerciais.
Os comerciantes até têm câmeras de segurança em seus comércios, mas garantem que o monitoramento realizado por uma central interligada à Polícia Militar, como era o Olhos de Águia e como pretende ser o Guardiões da Cidade, possibilita o policiamento preventivo inibindo os roubos e assaltos.
Procurada pelo Tribuna para falar sobre a o assunto, a ACIRP afirmou por meio de nota que criou e dirigiu por 12 anos, em parceria com a Polícia Militar, o projeto Olho de Águia. “Desde 2018, entretanto, a prefeitura assumiu a responsabilidade sobre a administração do projeto. A ACIRP, mesmo não estando mais à frente do projeto, segue acompanhando questões de segurança pública e cobrando que o monitoramento continue funcionando e seja ampliado”, explica o comunicado.
A entidade também ressaltou que as câmeras são fundamentais porque proporcionam maior segurança e um ambiente mais tranquilo e confiável, principalmente com a aproximação das festas de fim de ano e o aumento de circulação de pessoas nas áreas comerciais.
Procurada, a Prefeitura afirmou que as câmeras anteriormente instaladas pelo projeto anterior possuíam tecnologia obsoleta, por isso estão sendo instalados 40 novos equipamentos no quadrilátero central. Além desses, outros 20 pontos estratégicos receberão 62 câmeras, totalizando 102 câmeras em operação.
Segundo o governo municipal os equipamentos começaram a ser instalados no mês passado e ficam localizados nas avenidas Treze de Maio, Presidente Vargas, Presidente Kennedy, Maurilio Biagi, Luzitana, Via Norte, Leão XIII, Saudade, ruas Vitória, Pernambuco, São Salvador, entre outros.
“As novas câmeras serão utilizadas na identificação de veículos furtados ou roubados que estejam em trânsito na cidade, a partir da leitura das placas, possibilitando sua localização pelas forças policiais. Já as câmeras do quadrilátero central continuarão a subsidiar o trabalho preventivo de delito criminal, auxiliando a polícia em ações que evitem a prática de crimes na região. Todas as câmeras estarão interligadas em um único sistema tecnológico de segurança e serão controladas pela Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana, formando o programa Guardiões da Cidade”, diz o texto. Contudo, a Prefeitura não informou a data do início do monitoramento nestes locais.
Assunto no Legislativo
Em audiência da Comissão Permanente de Segurança Pública da Câmara de Vereadores, realizada no dia 23 de agosto, representantes da Polícia Militar solicitaram que a Comissão ajude a agilizar, junto à Prefeitura, a aquisição dos softwares necessários para os novos sistema de monitoramento.
Segundo os representantes da PM, para colocar em prática o monitoramento é necessário, além dos softwares, o treinamento dos policiais e dos guardas municipais, ou seja, a necessidade de tempo antes do inicio do funcionamento.
A Comissão de Segurança Pública é presidida pelo vereador Maurício Gasparini (PSDB) que também tem reivindicado a instalação de câmeras na Avenida Adelmo Perdizza, ao lado do Hospital Santa Tereza, na zona Oeste da cidade. A avenida tem sido palco de constantes assaltos a motoristas. A estratégia dos assaltantes é colocar pedras no meio da pista obrigando quem passa pelo local a parar o veículo, quando então são assaltados.
ACIRP atua em dois projetos paralelos de monitoramento
Atualmente a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) atua em dois projetos de monitoramento por câmeras. Na Distrital Oeste, um projeto piloto em parceria com Terceiro Batalhão de Polícia Militar do Interior vai instalar um sistema de vigilância com câmeras de alta definição cujo monitoramento será realizado pela própria Polícia Militar em um trecho de aproximadamente três quilômetros da Rua Javari.
Já na região do Boulevard, a Distrital Sul está envolvida num programa da comunidade que realizou a compra e instalação de câmeras para o monitoramento da área externa dos comércios. Os empresários se uniram com o suporte da ACIRP para a contratação de empresas privadas que realizam o monitoramento das imagens.