Tribuna Ribeirão
Economia

Inflação é maior para as famílias de menor renda

MARCELO CAMARGO/AG.BR.

O Indicador de Inflação por Faixa de Renda, apurado pelo Instituto de Pesquisa Eco­nômica Aplicada (Ipea), apon­tou que, enquanto a inflação das famílias de renda baixa e muito baixa registrou alta de 0,91%, a das famílias no seg­mento superior de renda apre­sentou variação mais amena (0,78%) em agosto.

O estudo divulgado nesta quarta-feira, 15 de setembro, mostra que o grupo de alimen­tação foi o que mais contribuiu para a alta inflacionária das famílias dos três segmentos de renda mais baixa. Já para as três faixas de renda mais alta, o maior impacto veio do grupo de transportes.

Segundo o Ipea, para as fa­mílias com menor renda, mes­mo diante de uma deflação em itens importantes como arroz (-2,1%), feijão (-1,7%) e óleo de soja (-0,4%), os aumentos de preços das proteínas ani­mais, especialmente do fran­go (4,5%), dos ovos (1,6%), da batata (20%), do açúcar (4,6%) e do café (7,6%) expli­cam a pressão inflacionária que vem dos alimentos.

Já a alta inflacionária do gru­po de transportes deve-se aos reajustes de 2,8% da gasolina e de 4,7% do etanol, combinados com a alta nos preços dos au­tomóveis novos (1,8%) e dos serviços de aluguel de veículos (6,6%), mesmo com a queda de 10,7% das passagens aéreas.

O grupo de habitação foi o terceiro que mais influenciou todas as faixas de renda, puxa­do pelos reajustes de 1,1% da energia elétrica, de 2,7% do gás encanado e de 2,4% do gás de botijão. Segundo o Ipea, as fa­mílias de renda baixa e média baixa são as que apresentam as maiores taxas de inflação (5,9%) no acumulado do ano.

Os dados acumulados em doze meses mostram que, apesar da aceleração infla­cionária generalizada, a taxa de inflação das famílias de renda muito baixa (10,63%) mantém-se em patamar aci­ma da observada na faixa de renda alta (8%), pressionada pelas variações de 16,6% dos alimentos no domicílio, de 21,1% da energia elétrica, de 31,7% do gás de botijão e de 5,6% dos medicamentos.

“Já para as famílias de ren­da mais alta, além dos reajus­tes de 41,3% dos combustíveis, de 30,2% das passagens aéreas e de 12,4% dos aparelhos ele­troeletrônicos em doze meses, a recente recuperação dos pre­ços dos serviços de recreação, cuja alta em doze meses passou de 0,07% em janeiro para 5,3% em agosto, explica grande par­te dessa aceleração inflacioná­ria”, indica a pesquisa do Ipea.

As famílias com renda mé­dia vivem com R$ 4.506 a R$ 8.956 mensais. Já as famílias com renda alta são as que re­cebem, somados seus inte­grantes, mais de R$ 17.764 por mês. Os valores têm como base junho de 2021. O modelo é ali­mentado pela coleta de preços do Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE).

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