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Pesquisadoras ocupam 2% de cargos de liderança em ciência e tecnologia

© Thalita Cardoso/Assessoria de Imprensa - Light

A América Latina e o Caribe, juntamente com a Ásia Central, são as duas regiões que alcançaram paridade de gênero entre pesquisadores em todas as áreas de conhecimento. A boa notícia, no entanto, esbarra em outros desafios: a pouca presença de mulheres em posições de liderança, as dificuldades em carreiras em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e eatemática, na sigla em inglês) e a acentuada desigualdade racial.

Os dados fazem parte de pesquisa divulgada como parte do Gender Summit, encontro virtual que vai até o dia 23 e discutirá a importância feminina na ciência.

No Brasil, as mulheres são maioria entre os alunos de graduação e doutorado. Apesar disso, a sub-representação começa no nível da docência universitária e cresce à medida que os cargos de liderança aumentam e se tornam mais políticos. A Pesquisa Comparativa sobre Mulheres e Meninas em STEM na América Latina indica que, nos cargos políticos mais elevados em Ciência e Tecnologia, a representação feminina não passa de 2%.

Vera Oliveira, gerente sênior de Educação Superior do British Council, diz que, ao longo da carreira, as mulheres enfrentam diversas barreiras e falta de incentivos, dentro e fora da academia, para alcançar posições mais altas. Ela cita como exemplo a rede de apoio para mães pesquisadoras e lembra que a licença maternidade para alunas de pós-graduação é uma conquista recente. O British Council é uma das instituições organizadoras do evento.

Vera sugere que análises de rendimento sejam feitas a partir de um olhar qualitativo. “Usa-se o [curriculum] Lattes de uma mulher e de um homem para comparar o rendimento acadêmico: o tanto que publicaram em certo período. Só se comparava os anos e via quem tinha mais publicação, então o homem rendia mais.” Desconsiderava-se, portanto, o período de afastamento por licença. “A mulher é penalizada na produtividade acadêmica justamente por assumir essa nova responsabilidade.”

Ela também destaca questões culturais a serem superadas. “Muitas vezes, os perfis de liderança são muito associados a características masculinas, um perfil que não permite tantas possibilidades e que está sendo repensado. Liderança pode ser feita de vários modos”. A gerente diz ainda que muitas mulheres não são incentivadas a ocupar esses postos ou não se sentem preparadas, mesmo cumprindo os requisitos exigidos.

As bolsas científicas em STEM, são 91.103 no Brasil, segundo dados da pesquisa, das quais 58% foram concedidas a pesquisadores brancos. A participação de pesquisadores negros é de 26% e a de indígenas não chega a 1%. Com o recorte de gênero, entre as bolsistas, 59% são brancas. As mulheres negras representam 26,8%.

O levantamento mostra ainda que 17% da população feminina do Brasil, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2016, concluíram o ensino superior. Entre os homens, o percentual é de 13,5%. O percentual de mulheres brancas com diploma é maior, 23,5%. Os alunos matriculados no ensino superior, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) 2020, somam mais de 8,4 milhões, sendo 57% mulheres e 43% homens.

“As mulheres são grandes contribuintes para as publicações no Brasil: 51% dos autores de publicações científicas são mulheres, enquanto 40% dos 10% dos principais autores mais produtivos são mulheres.”

Edição: Graça Adjuto

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