A Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) utilizou as redes sociais após as manifestações do 7 de Setembro, que reuniu milhões de pessoas nas ruas de todo o Brasil, para fazer um desabafo: “Por que só nós continuamos parados, limitados para exercer nossas atividades?”.
As palavras, escritas pela conta oficial da entidade são do presidente da Abrape, Doreni Caramori Júnior, que completou: “Vimos grandes aglomerações de todas as bandeiras ideológicas e nós, que representamos uma cadeia produtiva que emprega mais de seis milhões de pessoas, continuamos sofrendo restrições”, cobrando respostas dos poderes públicos.
Doreni disse ainda que não tem como comparar a segurança proporcionada por um evento, que segue todas as normas de segurança sanitária, com as manifestações. “Se todas as bandeiras ideológicas se sentem seguras como este tipo de aglomeração, quais os motivos que impedem a realização de eventos, que são muito mais seguros?”, questionou.
O presidente da Abrape apontou outros fatores, como o avanço da vacinação e a queda do número de casos de covid-19 em todo o país, para a retomada do setor. “É hora do setor de eventos voltar. A imunização avança e os números mostram o impacto positivo disso. Temos que voltar. Já sofremos demais com as dívidas que se acumulam e o desemprego que não para de crescer. Exemplos bem sucedidos em outros países demonstram que é possível retomar as atividades no modelo tradicional, seguindo protocolos de segurança sanitária. Queremos isonomia no tratamento. Outros setores com grande fluxo de pessoas não tiveram que seguir a mesma exigência e já retomaram as atividades”, finalizou Doreni.
Deputado Ricardo Silva fala em hipocrisia
O deputado federal Ricardo Silva (PSB) se manifestou em discurso na tribuna da Câmara Federal, um dia após as manifestações de 7 de Setembro e fez um paralelo ao setor de eventos. Para ele, há hipocrisia.
“Por que pessoas podem aglomerar em manifestações, muitas sem máscaras, e o setor de eventos não pode funcionar? Um show feito com regras, uso de máscara e segurança transmite mais o vírus? É preciso parar com essa hipocrisia! O setor emprega milhares de pessoas e movimenta a economia”, discursou.
Silva disse que apoiara o projeto do deputado federal pelo Pernambuco, Felipe Carreras (PSB), autor do projeto de socorro ao setor de eventos. A proposta prevê parcelamento de débitos de empresas, entre outras medidas para compensar perda de receitas em razão da pandemia.
Sensação de impotência, diz produtor
A sensação do setor de eventos culturais foi de uma impotência muito grande. A avaliação é do produtor cultural da Nice Trip Produções, Tiago Adorno. “Principalmente porque não houve direcionamento e muito menos apoio aos profissionais do nosso segmento. Os poucos avanços que aconteceram demandaram uma pressão gigantesca, como se tivéssemos que provar nossa existência em um mercado que gera números anuais na casa dos bilhões. Artistas e produtores ficaram totalmente desamparados por muito tempo! Alguns ainda seguem, infelizmente”, aponta Adorno.
O produtor aponta que com a vacinação e diminuição do contágio pela covid-19 e a redução do número de internações e óbitos, o mercado de shows e eventos começa a demonstrar uma retomada gradativa. “A projeção é a de que eventos com capacidade reduzida, determinada, seguindo todos os protocolos de higiene e segurança, já devem voltar a acontecer a partir de novembro desse ano, pelo menos no estado de São Paulo. Acredito que, de forma gradativa, a partir do ano que vem, o mercado vai ganhar muita força com o retorno dos grandes festivais e eventos que poderão receber um número maior de pessoas. Seguindo protocolos e recomendações de higiene e segurança menores dos que os exigidos hoje”, aposta.