A maioria dos grandes e médios municípios do Estado de São Paulo possui mais cidadãos habilitados do que a capital paulista. É o que indica levantamento feito pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP). Os dados de todas as cidades do interior paulista (57%) são superiores aos da maior cidade do país.
O município de São Paulo possui uma população de 12.396.372 moradores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) computados até 31 de julho, e 6.284.699 milhões de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) registradas, que representa 50% da população habilitada.
Em Ribeirão Preto, por exemplo, são 720.116 habitantes e 450.195 são habilitados, cerca de 62% da população. Santos tem 72% de sua população habilitada (315.820 condutores de um total de 433.991 habitantes). Campinas, com 1.223.237 de habitantes, tem 776.691 condutores (63%). Franca (358.539 mnoradores) e Barretos (123.546) possuem 64% de sua população com CNHs registradas no Detran.SP.
São 230.691 motoristas francanos e 79.242 barretenses. Dos 46.649.132 de cidadãos paulistas, 25.993.771 possuem CNHs registradas no Departamento de Trânsito. O número representa 55% do total de habilitados na comparação com a população do Estado de São Paulo. O levantamento foi realizado com base nos dados de julho de 2021.
“Esses números revelam o impacto que um sistema de transporte coletivo integrado, como o que existe na capital, exerce sobre a utilização do veículo particular no cotidiano dos cidadãos”, afirma o presidente do Detran. SP, Neto Mascellani.
Mas por que as cidades do interior paulista possuem um número maior de cidadãos habilitados? Segundo o arquiteto e professor de Planejamento Urbano da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCamp), Thiago Amim, a dispersão urbana de cidades menos adensadas e mais espalhadas do que a capital acarreta em uma procura maior pelas habilitações e, consequentemente, a utilização de veículos particulares.
“O desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo e de sua densidade populacional viabiliza a utilização de mais transportes públicos como linhas de trem, metrô e ônibus. No interior temos a verticalização dos municípios e a dispersão dos habitantes em áreas maiores e mais distantes, o que dificulta uma caminhada a pé ou a utilização de um transporte público”, ressalta Amim.
O professor destaca outro ponto que envolve a procura pela CNH: o chamado “movimento pendular”, que é realizado normalmente por pessoas que viajam de um município para o outro diariamente e voltam para sua cidade no fim do dia para dormir. “No interior há a necessidade de um deslocamento maior sem tantas opções de transporte público como na capital. Isso também reflete na busca pela habilitação”, finaliza.