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Primeiro comício de um político iniciante
O ex-prefeito Luiz Roberto Jábali e sua esposa Mariana sem­pre tiveram uma ação solidária junto às comunidades eclesiais de base por toda Ribeirão Preto. Assistiam a muitas famílias de forma presencial, sabendo nome de todos os componentes do núcleo. Nunca tiveram aspirações políticas.
O empresário Jábali era um empreendedor no ramo habitacio­nal e também procurava estudar em mais de uma faculdade para desenvolver suas atividades. Tinha muitos amigos que o incentivaram a ser candidato a prefeito de Ribeirão Preto.
Inicialmente houve relutância, pois segundo os mais próxi­mos, ele não tinha “papas na língua” e sempre se posicionou de forma franca em todas as situações, atingindo a quem se sentisse ou não atingido pelas suas observações. Era temerá­rio colocá-lo na arena política para concorrer a tão disputado cargo e no momento em que as eleições se realizariam. Enfim, o empresário aceitou a missão de ser político e enfrentar a dura realidade de uma eleição.

Nunca havia feito um comício
Naquele tempo eram realizados comícios com pequenos shows nos mais diferentes bairros. O convite à população era feito por alto falantes em cima da hora.
O primeiro bairro escolhido foi o Jardim Salgado Filho II. Para ser realizado referido evento havia necessidade de ‘pedir’ autorização para uma moça que era ligada ‘ao esquema’ do local. Ela iria consultar os que determinavam as ordens para liberar o contato. Tudo certo e sem objeções. O local escolhido foi defronte ao Bar do Torres, figura muito conhecida no bairro. Caminhão colocado em posição de fechar a rua para impedir o trânsito e para não colocar aos espectadores em risco e o pessoal da produção artística começou a chamar a atenção do povo para o referido comício.
Iria falar o desconhecido Jábali, candidato a prefeito que pou­cos conheciam por aquelas bandas. Juntou de gente. Logo na primeira fila havia um garoto sardento, cabelos de fogo, com braço quebrado com gesso e uma tipoia que a tudo assistia sem nada dizer. Foi só o candidato ao cargo majoritário come­çar a falar ele resolveu infernizar. Inicialmente gritou estriden­temente o que motivou uma pequena reprimenda de Jábali, não acostumado a comícios e etc. O menino então resolveu aprontar. Cada palavra que o candidato dizia ele completava: -“mentiroso”… “narigudo”. E de nada adiantaram os pedidos dos que estavam participando do comício. O povo aplaudia o candidato, mas ria do garoto que era conhecido como peralta na região. Jábali, no começo, ficou assustado, mas depois se acostumou, recebeu abraços da população do sofrido bair­ro e ganhou as eleições. O garoto que o pessoal apelidou de “Pintadinho”, cresceu e atualmente, ao que se sabe, venceu na vida. Sem estripulias ou peraltices. Jábali governou e pouco depois faleceu.

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