O discurso político oficial é para confundir e não para esclarecer. Como vítima da facada repulsiva, lá do período eleitoral, acredita a vítima de ontem que se mantida tal figuração, em outras situações, a vantagem política é certa. Agora, é o golpe da lei que estaria sendo aplicado contra ele mesmo, que diariamente comete violação da Constituição, e impunemente. Golpe da lei, no caso, é de competência exclusiva do Poder Judiciário.
O presidente da república apresenta-se com uma prática jamais vista na historia política do país. Queria armar o povo, para defender a liberdade, e liberou a compra de milhares de armas, que chegam ao arsenal das milícias, esperando o chamamento da morte. Agora, diz estar sofrendo um golpe.
O golpe seria dado pelo Supremo Tribunal Federal, o Poder que declara o que a Constituição diz.
Falar sistematicamente em golpe do Supremo é o mesmo que supor que a cada sentença impositiva do Poder Judiciário é um golpe à liberdade de quem foi condenado por algum crime. O aprendiz do fascismo, assim como seus sequazes, berra nas redes sociais, como se a liberdade na democracia fosse uma espécie de combustível de uso ilimitado, até o ponto de permitir a própria destruição da liberdade e da democracia. Assim, os assassinos da liberdade dão o golpe contra a liberdade e ficam liberados das punições que o “golpe da lei” pressupõe.
O retrato que essa gente levou a Brasília, através das urnas indignadas, é o do Rio de Janeiro, lugar em que os milicianos, tão admirados por nosso presidente, e até distinguido por ele e pelo filho exposto da “rachadinha” parlamentar. Lá na antiga capital federal não se sabe onde começa e nem onde termina o reinado podre dos milicianos armados. Diz-se até que policiais militares que seriam próximos das milícias, e afastados em governo anterior, estão grudados na máquina do governo estadual, hoje.
Armar a população, sob o olhar complacente das forças armadas, é um indicativo de que o golpe é a forte tendência redescoberta de uma vocação inacreditável de retrocesso institucional.
Nesse retrocesso está o discurso, que engana o analfabeto em história, e que arrogantemente declara que a ditadura foi uma etapa importante para se chegar a democracia.
Só que o repudio histórico a toda ditadura não faz exceção à ditadura brasileira, que tantos alienados chamam pelo seu retorno, repetindo a fonte da rede social que está sob o escudo do “gabinete do ódio”.
Qualquer critica que se possa fazer, e se deve sempre fazê-la, em relação a qualquer instituição ou Poder da República, não pode ser confundido com a necessidade da sua destruição, mas de aperfeiçoamento permanente, porque na democracia tudo é inacabado, estamos sempre em permanente construção.
Esse discurso diário de destruição de pessoas ou Instituições, como única iniciativa da mediocridade governamental, revela a insegurança, que pode levar ao caos, que é verdadeiramente o que os milicianos querem, para justificar a total assunção aos poderes do país, e para que a família e os amigos do “gabinete do ódio”, e assim “o pai e o filhos das rachadinhas parlamentares” permaneçam seguros sob a blindagem e a proteção do arbítrio e do autoritarismo declarado e sempre buscado.
A razão da ultima fúria presidencial encontra explicação na mudança da decisão processual de Desembargadora do Rio de Janeiro, que aceitou pedido do Ministério Público, em que demonstrou que independentemente das provas anuladas, existem tantas outras que incriminam o filho presidencial, e portanto o processo deve continuar.
Desacreditar o Supremo Tribunal é técnica de criminoso, especialmente de quem exerce o Poder, com a prioridade de proteger amigos e parentes, pretensão confessada publicamente, sem nenhum constrangimento. E tem lógica, porque se a critica você pontual contra o Tribunal de Justiça do Rio, onde volta a andar o processo das ”rachadinhas”, no qual seu filho é acusado, ficaria muito escancarada a pressão do vira-mesa permanente.
Desacreditar a tudo e a todos, defender-se de golpes inexistentes, que o presidente curandeiro precisa confundir, como diariamente sabe fazer como única e psicopata prática governamental, é a configuração do golpe que ele precisa dar, trancando o discurso da oposição, para que a malta da corrupção se enraíze, ainda mais em seu governo inepto e vassalo.
O presidente curandeiro, fazendo-se de vitima de um golpe imaginário só porque a justiça cumpre sua obrigação, perseguindo os liberticidas, os corruptos, os falsários, que se personalizam em enganadores do povo, é a prática fascista que alimenta as mentiras diárias, através de “factoides” diários, que só revelam a incompetência e a incapacidade de governar.
O grande sustentáculo dessa diatribe governamental, que foi o grande beneficiário de tudo que aconteceu na política econômico-financeira, que é o tal mercado financeiro, nada mais, nada menos que os poderosos da finanças, estão em retirado do barco furado desse timoneiro incapaz, como presidente dessa pobre nação chamada Brasil.
Depois de um golpe, tem aquela ilusão de eternidade, depois ou morre dependurado de cabeça para baixo, como Mussolini, ou como um rato como Hitler, ou como um solitário arrependido, em alguma cela europeia do Tribunal Penal Internacional.