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Tempos obscuros produzem ideias obtusas

A maneira mais eficaz para barrar o desenvolvimento de um país é depreciar e sucatear a educação básica pública, e com isso não permitir que a população pobre se aproprie dos conhecimentos, e passe a exercer sua autonomia exigindo seus direitos constitucio­nais. Mesmo com a pecha de sermos um País onde têm leis que pegam e leis que não pegam, há um arcabouço de leis direcionadas a educação básica, que se colocadas em prática, em pouco tempo estaríamos em outro patamar.

No entanto estas leis são obstruídas, e a sua aplicação depende da vontade política dos governantes de plantão, e como pretendem que tudo continue como sempre foi – estás mudanças ficam para um futuro que eles sabem que nunca vai existir.A chegada ao poder central de gente sem compromisso e ligada às milícias, que prome­teu na campanha fazer o Brasil recuar cinquenta anos na educação e nos costumes -está se consumando.

O primeiro ministro da Educação deste governo era um analfabe­to funcional, o segundo um miliciano, que saiu fugido do Brasil, e foi premiado com um cargo no Banco Mundial, agora está indevidamente no cargo um individuo totalmente despreparado para a função, pois além de analfabeto funcional – sua única função é acabar de vez com a educação básica pública.

Essa figura tacanha, que estava no ostra­cismo saiu da caverna com a visão ofuscada quer enterrar de vez a educação básica e promover o desmonte da educação universitária.

Primeiro disse que a universidade tem que ser para poucos, indo na contramão dos países desenvolvidos, agora ataca com virulência, preconceito e imbecilidade a educação inclusiva. A Constituição tem que ser respeitada, não se pode permitir que um fundamenta­lista religioso a serviço do mercado financeiro destrua de vez um projeto, que apesar da Declaração de Salamanca, de 1994 da qual o Brasil é signatário, ainda continua na incubadora.

A Declaração de Salamanca foi um marco na inclusão das crianças com deficiências na escola regular em todo o mundo, no Brasil foram criadas leis para que as crianças com qualquer tipo de deficiência pudesse conviver e aprender junto com outras crianças, como acontece nos países mais avançados, no entanto a inclusão não caminhou como determinava a lei. Nos países avançados o que se gasta com a educação é considerado um investimento, diferente do Brasil que vê o gasto com educação como despesa, e neste dia­pasão a inclusão das crianças com deficiência é vista como onerosa, e inviável –escamoteiam a lei, e ai o pernóstico de plantão se acha livre, leve e solto para cometer seus crimes.

Num passado recente, os deficientes não frequentavam as escolas regulares, e nem o mercado de trabalho, somente os cegos desde o século 19 tinha um instituto que cuidava da sua educação, as outras deficiências não apareciam, principalmente a deficiência intelectual, pois estes viviam isolados em suas residências, e mor­riam cedo – não chegavam ao final da adolescência. Os avanços da segunda metade do século 20 permitiram aos deficientes maior longevidade. Pesquisas mostraram que a convivência entre as crian­ças “sem deficiência”, e as crianças com deficiência no ensino regular produz um aprendizado de alta qualidade para todos os envolvidos no ambiente escolar.

O absurdo maior é ver pseudos educadores apoiando este retro­cesso atroz. Isolar o educando com deficiência, impedindo sua con­vivência num ambiente plural onde a troca de experiências, mostra cada um aprendendo no seu tempo, pois a deficiência escancara a fragilidade do ser humano, e nos ensina a ver a vida com esperança e melhorar a nossa condição humana na Terra. Cumprir o que diz a nossa Carta Magna, impedido que estas ideias milicianas se apro­fundem no ambiente escolar é a responsabilidade de quem através da educação contribui para a construção da Nação brasileira.

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