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Secretário depõe e nega irregularidades

FOTO: ALFREDO RISK

O secretário municipal de Governo, Antônio Daas Abboud, prestou depoimento à Câmara de Vereadores nesta quinta-feira, 19 de agosto. A sabatina ocorreu em sessão extraordinária convocada pela Mesa Diretora, como deter­minam a Lei Orgânica do Mu­nicípio (LOM) – a “Constituição Municipal” – e o Regimento In­terno do Legislativo.

Abboud prestou esclareci­mentos sobre o processo judicial que a prefeitura de Ribeirão Pre­to move contra ele por causa da dispensa de licitação na reforma do Centro de Educação Infantil (CEI) Ana Maria Chúfalo, no Jardim Roberto Benedetti, o po­pular “Jardim dos Bancários”, na Zona Leste da cidade, em 2018.

Também falou sobre a de­núncia do promotor Carlos Ce­zar Barbosa, que foi vice-prefei­to de Duarte Nogueira (PSDB) na primeira gestão tucana (2017-2020). O Ministério Público de São Paulo (MPSP) move ação civil pública contra Abboud, o ex-secretário da Fa­zenda, Demerval Prado Júnior, e o professor de Direito Gusta­vo Assed Ferreira por improbi­dade administrativa.

Daas Abboud afirmou que não cometeu irregularidades em nenhum dos casos e nem deu pre­juízo ao município. Ao contrário, afirmou que gerou lucro para a cidade. O secretário foi convo­cado para prestar depoimento a partir de requerimento apresen­tado por Jean Corauci (PSB).

Questionado pelo vereador sobre o fato de prefeitura não ser empresa e, portanto, não ter que dar lucro, mas sim prestar ser­viços de qualidade e eficientes para a população, Abboud afir­mou ter se expressado de forma equivocada e trocou o termo “lucro” por “economicidade”.

No caso da escola, a prefei­tura argumenta que a dispensa de licitação para obras de rea­dequação elétrica da unidade aconteceu de forma “totalmen­te sigilosa”, com ausência de “qualquer controle interno e externo”, o que foi considera­do pelos procuradores do mu­nicípio “ofensa grave à publici­dade”. A administração cobra o ressarcimento dos valores gastos na obra, de aproxima­damente R$ 49 mil.

A denúncia contra o secre­tario foi aceita pela juíza Luísa Helena Carvalho Pita, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, no mês de abril. Segundo a magistrada, os citados no pro­cesso “não apresentaram provas cabais da regularidade da dis­pensa de licitação” ou da ausên­cia de culpa na ação por impro­bidade administrativa.

A ação do Ministério Públi­co contra Abboud, Prado Júnior e Assed Ferreira acusa o trio de cometer fraude no processo de contratação – também com dis­pensa de licitação – da fundação que realizou o estudo da refor­ma administrativa da prefeitura de Ribeirão Preto. O caso está na 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto.

A juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo vai decidir se os argumentos apresentados pelo MP são suficientes para aber­tura de processo judicial contra a dupla. O promotor diz que Abboud e Assed Ferreira teriam fraudado o processo ao simula­rem propostas com o objetivo de beneficiar a Fundação para o Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa do Direito (Fadep).

A instituição é ligada à Facul­dade de Direito de Ribeirão Pre­to (FDRP) da Universidade de São Paulo (USP). A organização também é ré no processo e será alvo de investigação. Se condena­dos, todos terão que restituir aos cofres públicos R$ 690 mil, além de ficarem sujeitos a processos administrativos e criminais.

O secretário afirmou ontem que, no caso da reforma elétrica da escola, o valor de cerca de R$ 4 mil de eventual prejuízo seria muito pequeno diante dos benefícios proporcionados para os estudan­tes. Segundo Abboud, sem a obra os alunos teriam de ser transferi­dos para outra unidade, gerando um custo muito superior.

Sobre o caso da reforma ad­ministrativa, O MP acredita que Abboud fez, no mínimo, vista grossa sobre o assunto. O secre­tário nega qualquer tipo de ir­regularidade. Segundo o MPSP, na época da escolha da Funda­ção para o Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa do Direito, Gustavo Assed Ferreira era diri­gente tanto da vencedora quan­to da Fundação Sada Assed, que apresentou preço maior.

A Fadep venceu com o valor de R$ 690 mil e a FSA propôs R$ 780 mil. Ele diz que só vai se manifestar em juízo. A Funda­ção Instituto de Pesquisas Eco­nômicas (Fipe) ofereceu R$ 1,2 milhão. Até o final da primeira gestão tucana (2017-2020), Daas Abboud era secretário adjunto da Casa Civil.

No começo do atual man­dato tucano (2021-2024), o se­gundo consecutivo, foi nome­ado secretário de Governo. Na época, ele também acumulava a função de diretor administrativo da Secretaria Municipal da Edu­cação, administrada então pela professora Luciana Rodrigues, também alvo da ação judicial da reforma da escola.

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