Por meio de indicação ao prefeito Duarte Nogueira (PSDB), o primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, Matheus Moreno (MDB), sugere à prefeitura de Ribeirão Preto que a locomotiva alemã retirada da praça Francisco Schimdt para restauração, na avenida Jerônimo Gonçalves, entre o Centro e a Vila Tibério, seja instalada no saguão principal do Terminal Rodoviário Central, como monumento histórico e turístico.
O parlamentar, a partir da propositura número 1.429/2021, protocolada na sessão de terça-feira, 17 de agosto, propõe a realização de estudos preliminares e técnicos quanto à viabilidade de instalação da maria-fumaça “Amália” e seus trilhos no saguão do local. Segundo o vereador, a indicação para que a maria-fumaça permaneça na área Central leva em conta o fato de o local ser de fácil acesso, porta de entrada de turistas de toda a região e país.
Também conta com segurança patrimonial exercida pela Socicam Terminais Rodoviários, empresa concessionária que administra a rodoviária, e pela Guarda Civil Municipal (GCM). “São vários os pontos que nos levam a concluir que a rodoviária é uma opção interessante ao município, de forma a abrigar a maria-fumaça e manter viva a história que remete aos tempos áureos das ferrovias e da época que Ribeirão era destaque por sua vocação cafeeira”, diz Moreno.
“Além disso, é também um desejo de moradores da Vila Tibério e bairros próximos, com o objetivo de manter a memória da Estação Ribeirão”, emenda.
A locomotiva alemã Borsig foi retirada do local em 18 de julho do ano passado para ser restaurada. A maria-fumaça deve voltar para a cidade em outubro, mas a prefeitura estuda um novo local para instalação.
Os trabalhos de restauração estão sendo finalizados e a locomotiva – batizada de “Amália” por causa da usina a que pertencia antes de ser doada ao município, o nome está gravado nas laterais do equipamento –, a ideia é encontrar um local livre de depredação e vandalismo.
Também terá de oferecer segurança aos visitantes e ser de fácil acesso. Na praça Francisco Schimdt, na área da “cracolândia”, a maria-fumaça acumulava lixo e tinha virado abrigo para ratos, além de ser alvo de furtos de peças de cobre, ferro e aço nos últimos 47 anos.
A locomotiva alemã Borsig, fabricada em 1912, estava exposta na praça Francisco Schimdt desde 1973. A intenção ao colocar uma locomotiva para exposição num local público da região Central da cidade tinha como objetivo agradecer ao desenvolvimento econômico que Ribeirão Preto teve devido à ferrovia.
A partir dos trilhos principalmente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, foi possível transportar mais rapidamente o café produzido na região na segunda metade do século 19. Com isso, ela contribuiu para o enriquecimento e a fama de barões do café como Henrique Dumont (1832-1892), pai do aviador Alberto Santos Dumont (1873-1932), e Francisco Schmidt (1850-1924), que dá nome à praça em que a locomotiva alemã Borsig fabricada em 1912 estava exposta desde 1973.
A maria-fumaça “Amália” é tombada pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac). Os trabalhos de restauração da locomotiva estão sob a responsabilidade da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). A prefeitura de Ribeirão Preto contratou o serviço por R$ 805 mil, mas agora baixou para R$ 749 mil.
O prazo máximo para a conclusão do serviço de restauração era de doze meses. A locomotiva Phantom, popularmente conhecida como maria-fumaça, pertencia a Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas Indústrias Matarazzo. O modelo é uma das três remanescentes do fabricante alemã Borsig no Brasil. As outras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna.
Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, instalada na antiga Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu e o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto aprovou seu tombamento e duas entidades querem usar as duas locomotivas para projetos de “trem turístico”.
Já a Associação dos Moradores da Vila Tibério e Adjacências (Amovita) protocolou no Conppac o pedido de tombamento da “Amália” para que a máquina fosse mantida na praça Francisco Schmidt. Alega que a locomotiva e os quatro metros de trilho que a sustentam são os últimos resquícios da Estação Ribeirão Preto no bairro, que funcionou a partir de 1885 e foi demolida em 1968. Naquele trecho existiu no passado a gare (plataforma) de embarque e desembarque por onde milhares de imigrantes passaram para trabalhar nas lavouras de café.