Tribuna Ribeirão
Geral

Vereador quer ‘Amália’ na Estação Rodoviária

ALFREDO RISK/ARQUIVO

Por meio de indicação ao prefeito Duarte Nogueira (PSDB), o primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, Matheus More­no (MDB), sugere à prefeitura de Ribeirão Preto que a loco­motiva alemã retirada da praça Francisco Schimdt para res­tauração, na avenida Jerônimo Gonçalves, entre o Centro e a Vila Tibério, seja instalada no saguão principal do Terminal Rodoviário Central, como mo­numento histórico e turístico.

O parlamentar, a partir da propositura número 1.429/2021, protocolada na sessão de terça­-feira, 17 de agosto, propõe a realização de estudos prelimi­nares e técnicos quanto à viabi­lidade de instalação da maria­-fumaça “Amália” e seus trilhos no saguão do local. Segundo o vereador, a indicação para que a maria-fumaça permaneça na área Central leva em conta o fato de o local ser de fácil aces­so, porta de entrada de turistas de toda a região e país.

Também conta com segu­rança patrimonial exercida pela Socicam Terminais Rodoviários, empresa concessionária que ad­ministra a rodoviária, e pela Guarda Civil Municipal (GCM). “São vários os pontos que nos levam a concluir que a rodovi­ária é uma opção interessante ao município, de forma a abri­gar a maria-fumaça e manter viva a história que remete aos tempos áureos das ferrovias e da época que Ribeirão era des­taque por sua vocação cafeei­ra”, diz Moreno.
“Além disso, é também um desejo de moradores da Vila Ti­bério e bairros próximos, com o objetivo de manter a memória da Estação Ribeirão”, emenda.

A locomotiva alemã Borsig foi retirada do local em 18 de ju­lho do ano passado para ser res­taurada. A maria-fumaça deve voltar para a cidade em outubro, mas a prefeitura estuda um novo local para instalação.

Os trabalhos de restauração estão sendo finalizados e a lo­comotiva – batizada de “Amá­lia” por causa da usina a que pertencia antes de ser doada ao município, o nome está gravado nas laterais do equipamento –, a ideia é encontrar um local livre de depredação e vandalismo.

Também terá de oferecer segurança aos visitantes e ser de fácil acesso. Na praça Francisco Schimdt, na área da “cracolân­dia”, a maria-fumaça acumulava lixo e tinha virado abrigo para ratos, além de ser alvo de furtos de peças de cobre, ferro e aço nos últimos 47 anos.

A locomotiva alemã Bor­sig, fabricada em 1912, estava exposta na praça Francisco Schimdt desde 1973. A inten­ção ao colocar uma locomoti­va para exposição num local público da região Central da cidade tinha como objetivo agradecer ao desenvolvimento econômico que Ribeirão Preto teve devido à ferrovia.

A partir dos trilhos princi­palmente da Companhia Mo­giana de Estradas de Ferro, foi possível transportar mais rapi­damente o café produzido na região na segunda metade do século 19. Com isso, ela contri­buiu para o enriquecimento e a fama de barões do café como Henrique Dumont (1832-1892), pai do aviador Alberto Santos Dumont (1873-1932), e Francis­co Schmidt (1850-1924), que dá nome à praça em que a locomo­tiva alemã Borsig fabricada em 1912 estava exposta desde 1973.

A maria-fumaça “Amália” é tombada pelo Conselho de Pre­servação do Patrimônio Cultu­ral de Ribeirão Preto (Conppac). Os trabalhos de restauração da locomotiva estão sob a respon­sabilidade da Associação Brasi­leira de Preservação Ferroviária (ABPF). A prefeitura de Ribei­rão Preto contratou o serviço por R$ 805 mil, mas agora bai­xou para R$ 749 mil.

O prazo máximo para a conclusão do serviço de res­tauração era de doze meses. A locomotiva Phantom, popu­larmente conhecida como ma­ria-fumaça, pertencia a Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas In­dústrias Matarazzo. O modelo é uma das três remanescentes do fabricante alemã Borsig no Brasil. As outras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna.

Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, ins­talada na antiga Estação Ferrovi­ária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu e o Conselho de Preservação do Patrimônio Cul­tural de Ribeirão Preto aprovou seu tombamento e duas en­tidades querem usar as duas locomotivas para projetos de “trem turístico”.

Já a Associação dos Mo­radores da Vila Tibério e Ad­jacências (Amovita) protoco­lou no Conppac o pedido de tombamento da “Amália” para que a máquina fosse mantida na praça Francisco Schmidt. Alega que a locomotiva e os quatro metros de trilho que a sustentam são os últimos res­quícios da Estação Ribeirão Preto no bairro, que funcionou a partir de 1885 e foi demoli­da em 1968. Naquele trecho existiu no passado a gare (pla­taforma) de embarque e de­sembarque por onde milhares de imigrantes passaram para trabalhar nas lavouras de café.

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