Tribuna Ribeirão
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CPI acusa Bolsonaro por ‘charlatanismo’

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

A cúpula da Comissão Par­lamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia decidiu encaminhar ao Ministério Público Federal o pedido de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro pe­los crimes de charlatanismo e curandeirismo, sob o argu­mento de que ele incentivou o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus.

A medida foi discutida por senadores nesta quarta-fei­ra, 11 de agosto, e fará parte do relatório final da CPI da Pandemia, a ser apresentado pelo senador Renan Calhei­ros (MDB-AL). Na avaliação da comissão, Bolsonaro foi o principal “garoto-propaganda” de medicamentos como a iver­mectina e a cloroquina duran­te a pandemia, disseminando informações falsas à popula­ção e levando pessoas à morte.

Renan Calheiros também avalia sugerir o indiciamento de Bolsonaro pelos crimes de publi­cidade enganosa e homicídio. “É para desespero daquelas pessoas que achavam que essa CPI ia dar em pizza”, disse ele. O senador pretende antecipar o relatório, que ainda terá de ser aprovado pela comissão. A maioria dos integrantes da comissão é aliada do senador alagoano.

Além do indiciamento por charlatanismo, o relator anun­ciou que vai propor uma onda de ações de indenização para que as famílias de vítimas da covid-19 processem a União e as empresas que lucraram com medicamentos sem efi­cácia comprovada. A inicia­tiva dependerá das próprias famílias, mas Renan sugeriu que as Advocacias dos Esta­dos auxiliem nos processos.

Bolsonaro fez propaganda de cloroquina em várias oca­siões e também foi o maior influenciador digital da cloro­quina no Facebook. As posta­gens que ele publicou sobre o assunto geraram onze milhões de interações e 1,7 milhão de compartilhamentos na rede social, de março de 2020 até o fim de maio de 2021.

Em julho do ano passado, o presidente chegou a exibir uma caixa do medicamento para as emas do Palácio da Alvorada. Naquele mês, ele também ha­via recebido o diagnóstico de covid-19 e disse várias vezes que tomou o remédio. O Labo­ratório Químico e Farmacêuti­co do Exército produziu 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina somente em 2020.

Antes, até 2019, a média de produção era de 250 mil com­primidos a cada dois anos. A cloroquina é um medicamen­to indicado contra malária e doenças autoimunes. Bolso­naro também já quis mudar a bula do remédio para incluir a indicação contra covid-19, mas não obteve sucesso na empreitada. No ano passado, a Organização Mundial da Saú­de (OMS) recomendou “for­temente” que a substância não fosse usada para esse fim, pois não apresentava eficácia no tratamento para coronavírus.

O Código Penal diz que o crime de charlatanismo ocor­re quando alguém anuncia “cura por meio secreto ou in­falível”. A conduta de curan­deirismo, por sua vez, é con­figurada quando uma pessoa prescreve substâncias usando gestos, palavras e fazendo diagnósticos que deveriam ser restritos a especialistas.

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