As vendas do comércio varejista apresentaram queda de 1,7% em junho após registrar alta por dois meses seguidos. Foi a maior retração do ano e a segunda maior queda para um mês de junho em toda a série histórica, iniciada no ano 2000. Na passagem de maio para junho, a maior queda ocorreu em 2002, quando as vendas caíram 2%.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira, 11 de agosto, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo com a queda, o varejo em junho ficou 2,6% acima do patamar pré-pandemia da covid-19, devido à recuperação ocorrida no segundo semestre do ano passado.
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, diz que a queda no varejo pode ser um reflexo do aumento dos juros, que compromete a capacidade de consumo das famílias. De acordo com ele, o aumento da inflação também contribuiu para o resultado negativo do comércio.
Após um “tombo” de 15,75% em maio, as vendas do varejo ribeirão-pretano tiveram recuperação média de 4,83% em junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao mês anterior, o crescimento foi de 2,83%. O levantamento é do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), mantido pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-RP).
Análise semestral
As vendas no comércio varejista fecharam o primeiro semestre do ano com alta de 6,7%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o resultado ficou negativo em 3,2%, com o início da pandemia da covid-19. Nos últimos doze meses, a alta acumulada é de 5,9%.
Segundo o IBGE, entre as oito atividades investigadas pela pesquisa, cinco apresentaram queda de maio para junho. A mais intensa foi verificada em tecidos, vestuário e calçados, que caiu 3,6%, depois de crescer 16,3% em abril e 10,2% em maio.
O setor foi um dos mais afetados pela pandemia, com queda de 38,7% no primeiro semestre de 2020 e de 9,8% no segundo. A recuperação de 32,6% registrada nos seis primeiros meses do ano não foi o suficiente para alcançar o patamar pré-pandemia.
Também recuaram na passagem mensal os setores de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,6%), Combustíveis e lubrificantes (1,2%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,5%). O setor de Livros, jornais, revistas e papelaria cresceu 5% em junho, o terceiro resultado positivo seguido.
Os aumentos não recuperaram as perdas da pandemia, e a queda acumulada de janeiro e junho é de 22,8%. No ano passado, o setor perdeu 28,8% no primeiro semestre e 32,7% no segundo, após um 2019 com grandes perdas também. Também cresceram na comparação mensal as vendas de Móveis e eletrodomésticos (1,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,4%).
Na comparação entre maio e junho de 2021, as vendas no varejo caíram em 18 das 27 unidades da federação. A maior queda foi no Amapá (16,7%), seguido de Rio Grande do Sul (5,1%) e Mato Grosso do Sul (4%). Os maiores crescimentos foram no Ceará (2,5%), Espírito Santo (2,2%) e Pará (1,9%).