Tribuna Ribeirão
Ciência e Tecnologia

“Blob”, o organismo que confunde nossos biólogos, será enviado à ISS

ocê já ouviu falar no “Blob”? Não, não o vilão dos “X-Men”, mas sim um organismo vivo que causa confusão em nossos biólogos – e que será enviado à Estação Espacial Internacional (ISS) para estudos dos efeitos que ele pode sofrer no espaço.

Os experimentos com o Blob, conduzidos pelos astronautas da ISS, vão avaliar a resposta do organismo em dois pilares específicos: um remete ao comportamento dele diante da falta de alimento, enquanto o outro medirá suas reações quando devidamente alimentado – isso tudo em um ambiente de gravidade zero, um parâmetro pelo qual o Blob nunca passou.

É mais fácil entender o Blob com um vídeo:

O objetivo é observar os efeitos da ausência de gravidade no organismo. “Hoje, ninguém sabe que comportamento terá em [situação de] microgravidade: em que direção se moverá, se tomará a terceira dimensão subindo ou obliquamente”, comentou Pierre Ferrand, professor de Ciências da Vida e da Terra no Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), na França.

O interessante é que o estudo será conduzido de forma simultânea no espaço e na Terra: enquanto os astronautas conduzirão sua parte na estação, cerca de 350 mil alunos de escolas francesas vão mexer com ele aqui. Os processos do estudo serão os mesmos lá em cima e aqui embaixo, e as diferenças de comportamento do Blob na ISS e na Terra – cortesia da ausência e presença da gravidade, respectivamente – é quem vão ditar os resultados do estudo.

A grosso modo, o Blob (cujo nome oficial é “Physarum polycephalum”) é um ser vivo unicelular, mas essa única célula é composta de vários núcleos que podem se dividir conforme necessidade. Assim como outros organismos, ele se alimenta, se move e cresce, mas sua classificação, hoje, é difícil de ser feita com exatidão. Basicamente, biólogos o entendem como um membro dos amebozoários – a classe das amebas. Mas mesmo entre elas, seu comportamento é quase exclusivo.

O Blob, porém, tem capacidades raras de serem observadas em outros seres vivos: ele consegue “dormir” caso seja privado de alimentação ou hidratação, entrando em um estado preservatório de hibernação. É nesse mesmo estado que partes dele serão enviadas ao espaço, sendo “despertadas” ao serem umidificadas na ISS.

Quatro escleródios – massas capazes de sobreviver a condições extremas – do Blob serão analisados pela ISS a 400 km de altura, em placas de Petri, ao passo em que milhares deles serão distribuídos em 4,5 mil escolas francesas.

Via Olhardigital

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