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A encantadora Rebeca Andrade

No circulo cristão Rebeca é uma pessoa muito conhecida. Filha de Be­tuel (sobrinho de Abraão), esposa de Isaque e mãe dos gêmeos Esaú e Jacó. Seu nome possui diversos significados: “união”, “ligação”, “aquela que une” ou “mulher com uma beleza que cativa (ou prende) os homens”. Realmente a Rebeca bíblica possuía todos esses atributos.

Nos Jogos de Tóquio, o Brasil conheceu melhor uma jovem que reúne as mesmas características, apenas com a diferença de que encantou homens, mulheres e pessoas de todos os gêneros. Rebeca Andrade, que já foi cha­mada de ‘Daianinha de Guarulhos’ se tornou a 1ª brasileira a ganhar duas medalhas em uma única edição olímpica. A participação da jovem trouxe um novo brilho às competições de ginástica, abaladas pela corajosa desis­tência de Simone Biles que, ao abrir o coração, demonstrou toda a pressão psicológica que os atletas de elite são submetidos.

Cada pessoa destaca um atributo de Rebeca Andrade, para alguns o forte é sua beleza, para outros sua expressão facial, há quem comente sua explosão na execução dos exercícios. A calma e o poder de concentração também são lembrados, enquanto a voz meiga remete a uma menina, a plás­tica corporal revela uma linda mulher de 1,51 cm. Tão emocionante quanto seu desempenho nas provas, é sua pureza ao falar.

Em suas entrevistas sempre destacou que, mais importante do que a meda­lha era a alegria por participar da competição e fazer o que mais gosta na vida. As manifestações efusivas das grandes Daniele Hypólito, Daiane dos Santos, Laís Souza e Jade Barbosa, demonstram que Rebeca subiu da categoria fã, para a de ídolo dos seus ídolos e fez questão de reverenciaras gerações que a antecederam.

Também homenageou seu treinador Francisco Porath Neto, o Chico, atribuindo o sucesso à sua competência e profissionalismo. Nossa campeã de­monstrou consciência de que muitas pessoas colaboraram para seu grande feito “Precisamos de ajuda, precisamos de pessoas que acreditem em nós. Precisamos de pessoas que possam ver nossos talentos e nos ajudar a crescer”, disse.

Após a quinta colocação na apresentação de solo, que trazia a inusitada combinação da Tocata e Fuga em ré menor de Johann Sebastian Bach e o funk Baile de Favela do MC João, Rebeca concedeu uma entrevista histórica onde enfatizou a alegria por ver suas concorrentes, Jade Carey (EUA) e Vanessa Ferrari (Itália) ganharem a tão perseguida medalha olímpica. Mais uma prova de sua grandeza.

Desde os 13 anos de idade Rebeca é destaque nas competições de ginástica, inclusive foi campeã individual geral feminino nos Pan Americanos do Rio de Janeiro em junho deste ano e após aquele feito, falou que esperava representar o Brasil em Tóquio, da melhor forma possível e foi muito além.

Para conquistar amedalha de prata contou com a agilidade da comissão técnica que pediu revisão de nota, enquanto na medalha de ouro, ela não foi tão bem na primeira tentativa, e resolveu arriscar com um salto mais difícil, provas de que nada na vida é fácil ou vem de graça e superação é uma das palavras presentes em seu cotidiano de treinos, dores e três cirurgias de joelho nos últimos cinco anos.

Como acontece com muitos ídolos do esporte nacional, Rebeca vem da periferia e de uma vida humilde ao lado da mãe e dos seus seis irmãos. Revelada em um projeto social de iniciação ao esporte, enfrentou as dificuldades presentes na maioria dos lares brasileiros. Quando o salário de empregada doméstica de dona Rosa não era suficiente, muitas vezes teve de andar 2 horas a pé ou na garupa da velha bicicleta comprada pelo irmão para reduzir seu desgaste.

Que suas conquistas sensibilizem as autoridades sobre a necessidade de mais investimentos no esporte, notadamente na ginástica olímpica, onde encontramos na maioria dos municípios situações de precariedade, falta de recursos e equipamentos, além da rotina de improviso ou abandono.

Não sabemos como será o futuro de Rebeca Andrade, o certo é que, além das medalhas no peito, seu nome está inscrito na história e certamente servirá para influenciar positivamente várias crianças das mais distintas classes sociais que terão a oportunidade de sonhar e de ter uma referência positiva em tempos de tanta desilusão.

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