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Caps IV será na UBDS Central

ALFREDO RISK/ARQUIVO

O Conselho Municipal de Saúde aprovou, por unani­midade, a criação do novo e moderno Centro de Atenção Psicossocial IV, com atendi­mento 24 horas, em Ribeirão Preto. A implantação do pro­jeto foi aprovada também pela comissão intergestores do 13º Departamento Regional de Saúde (DRS-XIII) e será enca­minhada à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e Mi­nistério Público (MPSP).

O novo espaço será insta­lado na área onde atualmente funciona a Unidade Básica e Distrital de Saúde Doutor João Baptista Quartin, a UBDS Central, na avenida Jerônimo Gonçalves nº 466, na Baixada, no Centro Velho. Entre 2017 e 2018, o prefeito Duarte No­gueira (PSDB) e o secretário da Saúde, Sandro Scarpelini, tentaram instalar o Ambulató­rio Médico de Especialidades (AME) no popular Pronto So­corro Central.

Isso gerou muita polêmi­ca, abaixo-assinado, protestos e ações judiciais. Agora, parece que a região Central de Ribeirão Preto vai ficar sem unidade de pronto-atendimento. A Secreta­ria Municipal da Saúde diz, em nota, que ”a população não será prejudicada, já que contará também com os demais ser­viços de pronto-atendimento da cidade, que possuem ampla estrutura em saúde.”.

O investimento no Cen­tro de Atenção Psicossocial IV será de aproximadamente R$ 700 mil e a estrutura atual será aperfeiçoada para atender urgências psiquiátricas com atendimento 24 horas, com serviços de alta complexidade.

O corpo clínico será for­mado por profissionais qua­lificados no tratamento em saúde mental, com equipe composta por médicos psi­quiatras, enfermeiros, psicó­logos, assistentes sociais e te­rapeutas ocupacionais, numa estrutura adequada e qualifi­cada para o atendimento es­pecífico dessa demanda.

Os recursos orçamentários para custeio estão estimados em R$ 1,5 milhão por mês, sendo que R$ 400 mil serão custeados pelo Ministério da Saúde e o restante pelo muni­cípio. A previsão de início das operações é para o primeiro semestre de 2022, após conclu­são das reformas necessárias.

Estrutura
No período diurno, a es­trutura do serviço contará todos os dias com equipes es­pecializadas em saúde mental com psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupa­cionais, além de médicos e enfermeiros. À noite, equipes médicas psiquiátricas e de enfermagem 24 horas presta­rão atendimento de urgência para todas as faixas etárias de pessoas com problemas psi­quiátricos e decorrentes do uso de álcool e drogas.

A estrutura contará ainda com um projeto inovador de Equipes de Manejo e Suporte Domiciliar Intensivo à Crise em Saúde Mental (EMAS­C-SM), que dará suporte especializado intensivo em domicílio para pacientes e fa­miliares em situação de crise, com equipe formada por mé­dicos psiquiatras, enfermei­ros especializados em saúde mental, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacio­nais, projeto inspirado em mo­delo existente na Itália.

O novo centro comportará doze leitos para observação de urgência de curta permanên­cia (até cinco dias – sendo dois leitos de isolamento infantil) e oito leitos de acolhimento no­turno para permanência por até 20 dias. Além disso, traba­lhará em articulação próxima com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) no atendimento à população mais vulnerável com uso problemá­tico de álcool e outras drogas, principalmente na região cen­tral, junto com as Equipes de Consultório na Rua.

O seguimento do paciente após a estabilização da crise será garantido pela articulação com o restante da rede de aten­ção psicossocial do município, além da articulação com a atenção básica, e o seguimento que será realizado no próprio serviço para casos de proble­mas decorrentes do uso de ál­cool e drogas.

Prefeitura diz que demanda justifica
Segundo a prefeitura de Ribeirão Preto, com a insuficiência e carência de serviços de atenção psicossocial e ambulatoriais, além da falta de leitos de atenção hospitalar psiquiátrica na rede estadual, é urgente a criação do equipamento.

“Temos como consequência inevitável um inchaço e sobrecarga das demandas de saúde mental na rede de prontos atendimentos do município, que não está preparada em termos de qualifica­ção de recursos humanos e estrutura física para absorver essa demanda”, explica o secretário da Saúde, Sandro Scarpelini.

Ele diz que a escolha da UBDS Central levou em conta sua localização, e uma área conhecida como “cracolândia” – “com concentração de população vulnerável e com a maior demanda de atendimento em urgência psiquiátrica, a sua localização facilitará o acesso das pessoas, dos pacientes, das famílias”, diz.

Ribeirão Preto possui, atualmente, sete serviços especializados de saúde mental, seis Centros de Atenção Psicossocial e um Ambulatório Especializado de Saúde Mental com capacidade para atender em torno de 14 mil pacientes por ano.

Segundo dados levantados pela literatura internacional, a preva­lência de transtornos mentais na população geral gira em torno de 8% a 12%, entre casos moderados a grave. Em Ribeirão Preto, tal prevalência indicaria a necessidade de atendimento de uma população em torno de 70 mil pacientes, se levada em considera­ção proposta de cobertura universal.

Somente em 2020, Ribeirão Preto absorveu 508 solicitações de internação psiquiátrica via Sistema estadual que regula a oferta de leitos psiquiátricos para a DRS-XIII (Cross), inclusive Ribeirão Preto, sendo efetivadas 312 internações. Aproximadamente 2,5 mil pacientes de saúde mental passam pelas Unidades de Pronto Atendimento do município todo ano, numa média de aproximada­mente sete pacientes por dia, a maioria deles com quadros graves e situações de crise.

Em média, os leitos de observação dos cinco Prontos Atendimen­tos do município são ocupados por 16 pacientes em situação de urgência psiquiátrica (34% dos leitos disponíveis), o que acaba por diminuir significativamente a oferta de leitos de observa­ção para outras especialidades. Esses pacientes aguardam, em média, seis dias no pronto atendimento até a liberação da vaga de internação, em condições um tanto quanto inadequadas.

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