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A saúde pública no Brasil – parte 6

Como já tivemos a oportunidade de comentar aqui mesmo nesse espaço, a respeito do perfil do Ministério da Saúde, pós-redemocratização do país, houve profunda mudança em todos os aspectos nas atribuições desse ministério. Com a nova constituição aprovada em 1988 coube ao Ministério da Saúde a incum­bência de se responsabilizar por todas as questões relacionadas com a saúde das pessoas tanto nas medidas preventivas quanto curativas.

Acompanhando essas novas atribuições e criado o SUS (Sistema Único de Saúde) através de duas leis federais que regulamentavam as questões da participação da união, dos estados e dos municípios, notou-se uma ampliação muito grande dos orçamentos destinados à saúde nas três esferas de governo. Desse modo as novas atribuições do Ministério da Saúde foram grandemente ampliadas e o orçamento tornou-se robusto para fazer frente às novas atribuições e poder desempenhá-las a contento.

O Brasil com suas enormes complexidades em sua estrutura político-ad­ministrativa e suas gigantescas diferenças regionais passou a apresentar grandes dificuldades para colocar em prática a assistência à saúde tanto preventiva como mais ainda a curativa. Além disso, é óbvio, o Brasil com seu histórico de corrup­ção, passou a chamar a atenção para esse orçamento vultoso a ser administrado pelo Ministério da Saúde.

Infelizmente, quanto toda essa estrutura financeira disponível para ser admi­nistrada visando proporcionar assistência à saúde dos brasileiros foram acompa­nhadas por leis severas visando coibir a má administração do dinheiro público. E o corolário disso tudo é o que se constata nas manchetes dos jornais como estão estampadas denúncias sobre eventuais tentativas de se apropriar indevidamente do dinheiro público destinado à saúde.

Com a chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus o Brasil mos­trou-se totalmente despreparado para enfrentar uma contingência dessa magnitude. Com o SUS (Sistema Único de Saúde) completamente fragilizado pela falta constante de investimentos e com um país enfraquecido pelas diferenças regionais, o vírus causador da doença chamada covid-19 propagou-se com enorme facilidade e logo o número de infectados e de mortes atingiu cifras impressionantes.

Com seus mais de cinco mil municípios, muitos deles criados sem possuí­rem rendas próprias e vivendo da ajuda dos governos federal e estadual, a assis­tência à saúde cada vez mais precária teve como corolário um descontrole natural dessa pandemia em tais municípios. Em linhas gerais são essas causas de o nosso país ter assumido uma posição tão catastrófica no enfrentamento das consequên­cias dessa pandemia. Ao lado das tentativas de se enfrentar essa doença causada pelo vírus, as doenças que afligem a população, pelo menos em muitas regiões praticamente deixar am de merecer a atenção que necessitavam.

Assim, devido às deficiências de infraestrutura existentes, um grande número de cirurgias que deveriam ser realizadas, não o foram e assim como um número considerá­vel de exames invasivos ou não, também deixaram de ser feitos tendo como consequ­ência uma piora na evolução dessas doenças e os pacientes sofrendo cada vez mais.

Também em muitas regiões um grande número de consultas médicas de rotina não foram feitas, diagnósticos deixaram de ser estabelecidos e tratamentos também não foram completamente realizados. E o corolário dessa triste situação é a queda do número de atendimentos e a piora do perfil da saúde da população brasileira como um todo. A longo prazo é de se esperar uma diminuição da lon­gevidade de sua população. Assim, se a esperança de vida de uma pessoa, quer dizer quantos anos a pessoa espera viver vai estar consideravelmente diminuída. Se f or exemplo 80 anos, ela poderá viver 70 e assim por diante.

Essa pandemia está trazendo importantes lições de vida sob vários aspectos tanto políticos como administrativos numa esfera maior, mas também do ponto de vista pessoal, mostrando que as pessoas necessitam aprender a escolher com mais seriedade e responsabilidade na hora de votar para escolher os seus repre­sentantes em todas as esferas de governo.

Sim, porque como sabemos os ensinamentos de filósofos, pensadores, cien­tistas e pesquisadores que o homem é um ser político e tudo, mas tudo mesmo depende da política. E como a saúde da população depende também de uma decisão política, é fundamental que a representação seja responsável e correspon­da às expectativas. (Continua na próxima semana).

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