Gestantes e puérperas do estado de São Paulo que tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca/ Oxford/Fiocruz vão tomar a segunda dose com o imunizante da Pfizer/BioNTech. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 21 de julho, vice-governador Rodrigo Garcia (MDB).
“A medida passa a valer a partir desta sexta-feira, dia 23, e é válida a todas as gestantes e puérperas que tomaram primeira dose da AstraZeneca e que poderão tomar a segunda dose da Pfizer”, diz Rodrigo Garcia. A decisão do governo de São Paulo contraria a recomendação do Ministério da Saúde.
A orientação é de utilizar o mesmo imunizante aplicado na primeira dose e esperar o prazo de 45 dias após o parto para que a segunda dose seja aplicada. O Ministério da Saúde também recomendou que a vacinação de grávidas e puérperas não seja mais feita com o imunizante da AstraZeneca, mas com os da Pfizer e do Instituto Butantan (Sinovac/Coronavac).
Segundo o governo paulista, a decisão em adiantar a imunização das gestantes e não esperar os 45 dias após o parto para a aplicação da segunda dose se deve principalmente pelo avanço dos casos da variante delta, que é mais transmissível e tem provocado um grande aumento no número de casos em diversos países.
Até o momento, o governo João Doria (PSDB) confirma nove casos de transmissão comunitária dessa variante no estado de São Paulo, mas somente a capital paulista já soma doze. Estudos têm demonstrado que uma pessoa só estará protegida contra a variante delta se tiver tomado as duas doses da vacina.
“Temos que fazer uma análise de risco. Neste momento, a mortalidade por covid-19 é muito superior a qualquer risco que poderia acontecer com a vacina. Um risco teórico, já que o risco evidente a gente não tem. Agora, temos a certeza que deixar essas mulheres desprotegidas por um período de até 10 meses seria uma incoerência muito grande”, diz Rossana Pulcineli, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp).
De acordo com o governo de São Paulo, tomar doses diferentes de imunizantes está embasada em estudos que demonstraram boa proteção com a chamada “intercambialidade” de vacinas desses dois laboratórios e está em conformidade com recomendações da Sogesp, da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações (CPAI) e do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo.
A medida deve beneficiar 8,8 mil grávidas e puérperas do estado que, em maio, receberam a primeira dose da AstraZeneca. Segundo o governo de São Paulo, 229 mil grávidas e puérperas iniciaram o esquema vacinal no estado e 34,6 mil já estão completamente imunizadas.