Aqueles que estão dispostos a reparar, conhecer e se emocionar com a fotografia de natureza, certamente conhecem e apreciam o trabalho de Araquém Alcântara, fotógrafo brasileiro mundialmente reconhecido e um dos precursores da fotografia ecológica no País. Com obras que propõem a reflexão da fotografia como um instrumento de transformação social, o artista traz em seu trabalho a reverência ao patrimônio natural do brasileiro.
Por esse motivo, o trabalho do fotógrafo, que se autodenomina “fotógrafo do povo e da natureza” e tem como objetivo revelar o Brasil foi inspiração para a obra ‘A Errância do Instante: Fotografias de Araquém Alcântara em Discurso’, de autoria do acadêmico João Flávio de Almeida e da professora Lucília Maria Abrahão e Sousa, ambos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.
O livro, publicado pela Pontes Editores, com 320 páginas, reúne textos inspirados nas fotografias de Araquém Alcântara e apresentadas e interpretadas a partir de um olhar discursivo e, como o próprio fotógrafo propõe, olhar por horas uma árvore e apenas contemplá-la é a chave para apreciar o livro.
Segundo os autores, “quando você se apaixonar por ela, pelo milagre da vida que habita e pulsa em toda (até mesmo nas formas consideradas insignificantes) presença vital, quando for capaz de se espantar com a superabundância de viço de uma simples folhagem, quando sorrir diante de sua força e quando chorar por sua morte, quando decidir olhar para cada rosto como a preciosidade do mundo e quando reconhecer que cada vida é uma história e uma saudade, então você estará pronto para realmente reparar, conhecer e se emocionar com o trabalho de Araquém Alcântara”.
Almeida e Lucília organizaram textos de 33 autores, entre eles poetas, filósofos e linguistas, que acompanham as imagens capturadas por Alcântara, e advertem que a leitura é para quem se indigna com os “massacres noticiados e silenciados diariamente no País”.
Araquém Alcântara
O fotógrafo, um dos mais importantes em atuação no Brasil, é apontado pelos críticos como um dos precursores da fotografia de natureza no País. Desde 1970, dedica-se à documentação e proteção da natureza brasileira, sendo também um defensor do patrimônio natural brasileiro.
Suas fotografias integram acervos de diversos museus e galerias ao redor do mundo, como o Museu Internacional do Café, em Kobe, no Japão; Centro Cultural Georges Pompidou, em Paris, na França; Museu Britânico, em Londres, na Inglaterra; Museu de Arte de São Paulo (Masp) e Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. É autor do livro de fotografias mais vendido no Brasil, o Terra Brasil, sendo o primeiro fotógrafo a documentar todos os parques nacionais e a produzir uma edição especial de colaborador para a National Geographic Society. Além de possuir uma vasta produção com 57 livros sobre temas ambientais, 22 livros em coautoria, três prêmios internacionais, 32 prêmios nacionais, 75 exposições individuais e inúmeros ensaios e reportagens para jornais e revistas nacionais e internacionais (Com informações do Jornal da USP).