Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Escola de larápios
A Praça XV de Novembro e a Praça Carlos Gomes pelo movi­mento dos usuários de ônibus e pela freguesia do comércio sempre foram palco de furtos, golpes, ações delituosas em bancos, etc. Quadrilhas especializadas nos golpes do “bilhete premiado”, “conto do vigário” e outros tantos, ficavam a esprei­ta, principalmente às vésperas do pagamento das empresas e dos depósitos da Previdência nas contas dos aposentados. Os boletins policiais eram elaborados com maior frequência nos finais de ano, proximidades das festas Natalinas em que o Centro de Ribeirão Preto era um “palco iluminado”.

‘Tchurma’ das ruas
Menores da mais tenra idade eram utilizados por adultos para furtos pequenos em lojas e trocavam o fruto dos atos infra­cionais por cola de sapateiro. Os marginais exploradores das crianças ficavam perto da figueira da Praça XV, onde faziam a negociação criminosa. Por mais que os setores responsáveis pelo combate da exploração das crianças e adolescentes agis­sem, pouco se conseguia fazer, pois os mesmos protegiam “as verdadeiras famílias” que se formavam nas ruas, substituindo seus lares de onde eram expulsos ou obrigados a pedir para sustento de vícios dos pais que ficavam em casa no aguardo do resultado do “trabalho” das crianças.

Escola de punguistas
Para quem não está acostumado ao jargão policial, “pun­ga” é o ato de furtar a carteira de uma vítima nos ônibus ou outros locais onde existam aglomerações. Quem age dentro deste tipo de ação delituosa precisa ter “engenho e arte” para “tirar as meias sem tirar os sapatos” da vítima. Sempre têm um comportamento semelhante aos que hoje possuem tais marginais. Sempre andam com blusas, seja frio ou calor ou com jornais a cobrir as mãos para que os que estejam pró­ximos não constatem o movimento ágil que eles apreendem em lições dadas por experientes praticantes da “punga”. Na Praça Carlos Gomes, em meio ao movimento constante dos coletivos um grupo de jovens era orientado por um nordestino experiente na matéria. Antes, eles praticavam o ato no próprio “professor” até que ele os julgava aptos a praticar o furto. En­sinava a pegar a carteira, passar para o comparsa que retira­va o dinheiro, somente o dinheiro e jogava a carteira, cartões, cheques, etc. para debaixo de um banco do coletivo. Desta forma não eram flagrados pela polícia. Tanto agiram que to­dos foram apreendidos e o professor preso. Dizia que gostava de agir quando a “gaiola estava cheia” (eram os ônibus). Tira­va sua parte dos ensinamentos e dava a porcentagem paras os praticantes que ficavam profissionais no crime. Até hoje existem tais punguistas agindo.

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