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Vamos renascer das cinzas

A democracia brasileira só começou a emergir, (pelo menos no papel) com a Promulgação da Constituição cidadã de 1988, mas nem o presidente da época (José Sarney) acreditava que a nova Constituição pudesse mudar o Brasil, pois segundo ele: “não era uma Constituição para o Brasil, e sim para a Suíça”, e essa premissa desalenta­dora lançou a pedra fundamental da destruição da Carta Magna, que se fosse materializada mudaria as condições sociais do Brasil, e final­mente seriamos uma Nação, no entanto o desalento e a desesperança ficaram mais fortes no horizonteda população pobre e preta.

Quando se fala em elite, se pensa no que há de melhor em um ramo da atividade humana, mas quando se trata dos direitos huma­nos para todos – a conversa muda de figura. O Brasil não tem uma elite, o que há por aqui é um por cento de burgueses que abocanham trinta por cento das riquezas do País, e só enxergam cifrões na sua frente, e desprezam outros seres humanos, que julgam inferiores, e para corroborar com essa ideia infame usam a filantropia para distri­buir as migalhas que são desprezadas em seus banquetes.

Como a Constituição não foi feita para o Brasil os burgueses ficam a vontade para descumpri-la. O artigo 3º é um dos mais emblemáticos, pois fala na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, erradicando a pobreza e a desigualdade social, mas a chamada elite age com afinco para que esse artigo não se materialize. A desigualdade social no Brasil é uma das piores do mundo, e só tem piorado com as atuações criminosas do atual presidente.

O ódio e o desprezo que essa gente de “bem” nutre pelos pobres é abissal.O atual ministro da economia retrata a inten­ção deste governo de aniquilar a população pobre, de maioria negra. Fazer uma dicotomia entre as perdas de vidas humanas e a manutenção da economia funcionando normalmente durante a pior pandemia deste século, endossando as palavras do presidente de plantão dizendo: “todo mundo vai morrer um dia”, e, portanto, escolher entre as vidas perdidas e a economia ficava com a segunda é crime previsto no Código Penal.

Aos poucos estão tirando todos os parcos direitos da classe tra­balhadora. A destruição das políticas sociais, e a tara para implantar o Estado mínimo é a principal meta desta gente que quer ver o Brasil novamente de joelhos frente ao Tio Sam. Uma população esclarecida tem autonomia, e sabe exigir os seus direitos, e para evitar que isso aconteça, a burguesia endinheirada faz de tudo para nada mudar. Não é atoa que o Brasil figura na primeira posição no mundo em concentração de renda, no entanto isso não tem a menor importân­cia, pois agir feito cupim nos bastidores para que essa situação não se altere nunca é o lema.

A ascensão, mesmo que por um pequeno período da população pobre e preta, que aconteceu no governo Lula despertou a ira dessa gente que vive falando em Deus o tempo todo, e interpretam a Bíblia de acordo com as suas conveniências. Por se julgarem seres superio­res, não admitem que pobres circulem livremente em ambientes que por hereditariedade são seus. E dividir o mesmo espaço com seus serviçais, em aeroportos e nas estradas em feriados prolongados é inadmissível – alguma coisa precisava ser feita. Ai o golpe começou a ser gestado.

A população pobre e preta, sempre foi negligenciada na história política do Brasil, e os poucos movimentos em busca da autonomia e de uma vida melhor não são perenes – ficam somente no desenho em uma folha de papel. Quando o centro-esquerda chegou ao poder central a esperança encheu os corações desvalidos dessa população, mas com o tempo foram se afastando, e com isso abriu caminho para o autoritarismo de gente que sabe como ninguém usar o dom de iludir – e assim um presidente desqualificado ganhou o voto e a esperança dessa população preta e pobre. No entanto temos que es­perançar, pois não há mal que sempre dure, e quando a madrugada ficar mais escura, é que está perto o amanhecer. Como disse Caetano Veloso: “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”.

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