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Conquistas da pandemia

Passamos de meio milhão de sacrificados. Terrível tra­gédia dizem todos – até os políticos do apoio ao governo; este não! Jamais será esquecido, nem pelas próximas gera­ções. Por tudo que conhecemos, seja pela fome, negativis­mo, indiferença e incompetência de governantes, seja pelo genocídio, sofrimento e saudade, sempre lembraremos. Mas este é só um dos lados dessa triste história, ainda ina­cabada, que (infelizmente) testemunhamos. Outros também existem e deles aprendemos.

1. Reativou-se a solidariedade. O Brasil sempre foi sensível aos necessitados, com campanhas que socorreram seus flage­lados, quando se fez preciso. Entidades da iniciativa privada (principalmente Lions, Rotarys, Maçonaria, ongs, órgãos de imprensa) tomam a frente nas catástrofes, cujos resultados ninguém contesta. O poder público acostumou-se ser menos impulsionador, não ser líder, mas nunca se omitiu. O Brasil tem o DNA da solidariedade. Novamente assistimos o empe­nho de todos para ajudar os que precisam, combatendo até a fome. Sempre se dirá que a colaboração poderia ser maior. Desta vez até os cofres públicos (federal, estaduais e munici­pais) estão se abrindo, dentro das suas limitações.
O espírito de doação existe, embora não saibamos ainda até quando. Disso não esqueceremos.

2. Combate à burocracia. Soluções práticas foram adota­das no meio público, em todos os níveis, procurando desfazer as tradicionais dificuldades que são próprias das máquinas públicas: verdadeiros entraves foram superados para agilizar o atendimento de interesse público. Corrigir o passado é obra pra muito tempo, exige mais gente disposta a fazê-lo, ainda é cedo. Mas está valendo.

3. Implantado o Trabalho à distância. O que a reforma trabalhista não conseguiu desde 2017, a pandemia consolidou em pouco mais de um ano. Prestar serviço fora da empresa (empregadora ou não), trabalhando na própria casa (“home office”) já é uma realidade nas grandes e pequenas cidades. São outros os hábitos neste momento, tanto na atividade privada, como nas repartições públicas. Em consequência, desocupam-se salas de escritórios nos edifícios comerciais e vagas nos estacionamentos de veículos em áreas centrais. Também o EAD (ensino a distância) se expandiu, porque a prática “online” está por toda parte (escolas/faculdades estão vazias). A pandemia superou a novidade da lei trabalhista. Comprova-se que não é a lei que impõe o fato social.

4. Mundo virtual invade repartições públicas. Poder Judi­ciário já funciona com audiências telepresenciais (virtuais), na 1ª instância e nos tribunais. A Justiça do Trabalho está instalando salas apropriadas para a oitiva de partes e testemu­nhas virtualmente. Semana passada inaugurou-se no Rio de Janeiro um órgão especializado para as audiências telepresen­ciais, inclusive para colheita de provas de interesse dos réus presos. O que seria futuro virou o presente neste segundo ano da pandemia.

5. Vacinas foram produzidas. O que parecia ser possível daqui a alguns anos, já temos. Avanço da ciência.

Enfim, como ocorreu com Cristo, o sacrifício beneficia a humanidade. Precisava ser assim? O tempo dirá.

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