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LGBT+ em comédia irreverente

Por Rodrigo Fonseca, especial para o Estadão

Famosa no teatro por humorísticos como TsuNany, a atriz Nany People, orgulhosa de sua luta para se assumir e se aceitar trans, ganha, enfim, do cinema um papel no qual pode combater os males do preconceito sexual: a comédia Quem Vai Ficar Com Mário?, já em cartaz. Sob a direção do chinês nascido em Taiwan e radicado no bairro do Catete, no Rio, Hsu Chien Hsin, Nany vira Lana, matriarca de uma trupe teatral consagrada por espetáculos LGBTQ+. Tudo no universo onde ela trabalha, tendo Fernando (Felipe Abib) como diretor, faz lembrar A Gaiola das Loucas (1978), embora sua inspiração seja a comédia italiana O Primeiro que Disse, de Ferzan Ozpetek.

Mas essa referência ganha outros tons no momento em que o dramaturgo do grupo, Mário Brüderlich (Daniel Rocha), herdeiro de uma cervejaria no Sul do País, resolve voltar para casa para sair do armário diante do pai conservador (Zé Victor Castiel). Ali, o que era vaudeville vira chanchada das boas.

“O conservadorismo só está na cabeça de quem se deixa guiar por ele e não na de pessoas que não enrustiram sua natureza, como eu Imagina ser o que eu sou hoje no corpo de um menino há 45 anos”, disse Nany ao Estadão, ao defender o comportamento matriarcal de Lana. “Hsu me convidou para encarnar a harmonia, a mãe que apara as arestas, percebendo que a cultura é o único passaporte para a gente ser alguém. Lana sabe moderar uma questão sem julgar as pessoas.”

“Eu nunca soube o que é viver sem sermos atacados, mas sempre tive disposição para poder responder à altura. Mas muitas vezes não tive a doçura que a Lana tem. E isso é essencial: ter coragem”, diz Nany, referindo-se às confusões de Mário.

Na trama, o rapaz viaja ao Rio Grande do Sul para contar a verdade à sua família, mas tropeça num obstáculo: seu irmão, Vicente (Rômulo Arantes Neto), assume-se antes dele, surpreendendo a todos. Mais complicado ainda ele ficará ao perceber que está envolvido afetivamente com uma coach de marketing, Ana (Letícia Lima).

“Quando fui convidado para o projeto, notei que precisávamos fazer uma mudança estrutural em relação ao original, de Ozpetek, não apenas trazer o contexto para o Brasil, mas também adaptar o humor para as pautas comportamentais mais urgentes de nosso tempo. Não podia aceitar piadas machistas, nem que a nossa causa fosse caricaturada na representação dos grupos LGBTQs+”, comenta Hsu.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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