O vereador Elizeu Rocha (PP) reinstalou na quinta-feira, 10 de junho, a Comissão Especial de Estudos da Nove de Julho. O objetivo é discutir e apurar possíveis alternativas para o trânsito de veículos pesados – ônibus e caminhões – na avenida. Brando Veiga (Republicanos) e Gláucia Berenice (DEM) integram a CEE.
Inicialmente, a CEE foi instalada em 2019, quando ouviu representantes do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac) e da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp). Regimentalmente, ao final de toda legislatura, as comissões são automaticamente arquivadas.
Elizeu Rocha decidiu reinstalar a comissão para continuar os trabalhos que incluem, além do trânsito, a reforma e recuperação da avenida e canteiro central, tendo em vista as obras do Programa Ribeirão Mobilidade realizadas em Ribeirão Preto, entre elas a construção de um túnel de 180 metros de extensão que vai ligar as avenidas Independência e Presidente Vargas, passando por debaixo da Nove de Julho.
A obra conta com investimento de R$ 19.882.700,02 (no processo licitatório foi possível ter uma economia de 22,65% no valor total da obra, que era de R$ 25.706.975,99) e irá beneficiar diariamente entre sete e nove mil passageiros do transporte coletivo urbano, além de um fluxo de veículos nos horários de pico de 2,4 mil na avenida Presidente Vargas e três mil na avenida Independência.
Até agora, 13% do cronograma foram cumpridos. Atualmente a empresa Contersolo, responsável pela construção, paralisou as obras reivindicando reajuste no valor do contrato por causa do preço do aço. Este material é fundamental na construção do túnel.
Motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres que passam pela Nove de Julho, um dos cartões-postais de Ribeirão Preto, no Alto da Cidade e que corta vários bairros – Vila Seixas, Higienópolis, Jardim Sumaré etc. –, também reclamam da situação do pavimento. Em vários trechos há paralelepípedos soltos. Além de danificar o veículo, o problema ainda pode provocar acidentes se o condutor não estiver atento.
A prefeitura de Ribeirão Preto já concluiu o projeto executivo para restauração da avenida. A situação também envolve burocracia e cautela, já que a via – incluindo seus paralelepípedos e as pedras portuguesas do canteiro central – é tombada desde 2008 pelo Conppac. Por ser considerada patrimônio histórico da cidade, a Nove de Julho não pode ter o projeto original alterado.
O projeto executivo faz parte do Programa Ribeirão Mobilidade e aguarda a abertura de licitação. A via será completamente restaurada, mantendo os paralelepípedos e pedras portuguesas do canteiro central. Em toda sua extensão, o canteiro central e as calçadas serão revitalizados. Todas as esquinas da avenida contarão com rampas de acesso para cadeirantes com piso tátil direcional e de alerta, indicando os pontos de espera e de travessia para deficientes visuais. Também serão implantados novos pontos de ônibus com pavimento de concreto.
Em relação aos problemas pontuais em alguns trechos, a Secretaria Municipal da Infraestrutura diz em nota que fará reparos específicos em locais da via onde há buracos. Considerada um cartão-postal da cidade, a Nove de Julho foi planejada pelo prefeito João Rodrigues Guião em 1921. Os primeiros quarteirões da avenida foram entregues no dia 7 de setembro de 1922, com o nome de avenida da Independência.
A avenida passou a se chamar Nove de Julho alguns anos depois e ganhou prestígio na cidade a partir do início da década de 1950. As residências construídas nas proximidades seguiram, em sua maioria, o estilo moderno. Com o passar do tempo, foi perdendo suas características de área residencial.
Ao longo dos últimos 20 anos ela se transformou no principal centro financeiro da cidade e região. É famosa pelas frondosas sibipirunas. Mesmo com a transformação que sofreu nos últimos 40 anos a avenida manteve suas características que lembram a década de 1950 – os paralelepípedos da rua e o calçamento dos canteiros centrais.
Ao longo de pouco mais de dois quilômetros, reúne cerca de 30 bancos, entre comerciais e de investimentos, além de seguradoras, consórcios, bares, restaurantes, lanchonetes, etc. Um dos principais problemas para a manutenção dos paralelepípedos da avenida é a falta de mão de obra especializada. Os últimos calceteiros se aposentaram e faltam profissionais na área.